CABRALZINHO: O HERÓI AMAPAENSE.
Rodolfo Juarez
Hoje a
quarentena recebe um reforço de peso para que todos possam atender a
recomendação de ficar em casa, não para comemorar, mas para quebrar a cadeia de
transmissão do vírus que já sacrificou muitas pessoas queridas aqui no Amapá, o
feriado estadual de Cabralzinho, definido pela Lei 2.213, de 11 de julho de
2017.
Mas é
preciso falar de Cabralzinho, Francisco Xavier da Veiga Cabral, o cametaense
que viveu 44 anos - nasceu em 05 de maio de 1861 e morreu no dia 18 de maio de
1905. Comerciante, funcionário público, político, chegou a ser despachante da
alfândega paraense.
Depois
de participar de revolta no Pará, e perder, fugiu para os Estados Unidos e de
lá só retornou após saber da declaração de anistia aos envolvidos na revolta.
Não foi para Belém temendo represálias, veio para o Amapá e se instalou na Vila
do Espírito Santo do Amapá, pois tinha notícias da descoberta de campos
auríferos em Calçoene.
Na
época Calçoene, e toda a área que ficava entre o Rio Araguari e o Rio Oiapoque
tinha a propriedade do Brasil contestada pela França. Calçoene e, especialmente
o sítio aurífero estava na região do contestado.
Mesmo
vivendo do comércio, o espírito de político não o deixava afastado das decisões
políticas. Não demorou a fazer parte do Triunvirato que fora designado para
governar a região que nominavam de Amapá. Virou presidente da área contestada
em dezembro de 1894.
Foi a
condição de presidente do “contestado” que mais incomodou os dirigentes
franceses da Guiana, que sustentavam a propriedade da área baseados no Tratado
Provisional de 1700, que não definiu, claramente, os limites entre Brasil e a
Guiana Francesa.
Emilio
Goeldi, pesquisador paraense, o descreveu como chefe de uma oligarquia de
capangas, tomando por base o modo de agir de Cabralzinho.
No dia
15 de maio de 1895 foi registrado o fato que o transformou em herói amapaense
que, para não fugir à regra, alguns historiadores insistem em registrar que não
foi bem assim.
Na
gestão dos interesses do contestado, Cabralzinho dividia o poder com Trajano,
que era o representante do governo francês no Triunvirato. Por discordância com
Cabralzinho, Trajano é preso, fato que irritou o então governador, Mr.
Charvein, que reagiu ordenando que o navio de guerra Bengali, comandado pelo
capitão-tenente Lumier, com uma expedição militar, invadisse a Vila do Espírito
Santo do Amapá.
A
canhoneira Bengali chegou em Amapá no dia 15 de maio de 1895, tinha como missão
libertar Trajano e prender Cabralzinho.
A Vila
Espírito Santo do Amapá tornou-se um campo de batalha. Crianças, idosos e
adultos foram massacrados, 40 pessoas entre as quais quatro oficiais franceses,
entre eles o seu comandante.
As versões dessa parte da história são diversas,
mas o fato é que as discussões passaram para as esferas nacionais de Brasil e
França, até que, em 1.º de dezembro de 1900 foi decidido que os limites
territoriais entre o Brasil e a Guiana Francesa era o Rio Oiapoque.
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