Vamos esperar 2021 com esperança de que o vírus chinês tenha sido vencido.
Rodolfo Juarez
Uma das
mais importantes atrações do calendário turístico do Amapá e de outros estados
brasileiros, como Pernambuco e Paraíba, está fortemente afetada pela declaração
de pandemia feita pela Organização Mundial de Saúde, e pelos decretos federais,
estaduais e municipais que proíbem as aglomerações.
No
Amapá, especialmente, a organização e até mesmo o autofinanciamento havia se
consolidado, desde quando os grupos folclóricos, voltados para a quadra junina,
desde algum tempo resolveram se organizar administrativamente e criaram
condições para, independente de verbas públicas, realizarem eventos cada vez de
melhor qualidade durante a quadra.
O balé
dos grupos, construídos com técnica, fantasias de gala, disciplina e muita
transpiração conquistou o público que continua crescente por entender a forma
pura como os temas são desenvolvidos, além da qualidade natural e específica e
da simplicidade no jeito de mostrar ao público a mensagem derivada de cada
apresentação de cada um dos grupos folclóricos.
A
quadra junina no Amapá se estende desde março, logo depois do carnaval, com os
primeiros ensaios, e vai até julho com as decisões das competições que, ao
final definem quais grupos são os campeões do ano.
Este
enredo, que parece repetitivo, para cada grupo é uma criação inédita que
reflete o momento da música, do comportamento social e da organização proposta
para a educação e as demais fatias que formam a qualidade de vida da população,
em regra muito carente de espetáculos do tipo apresentado durante a quadra junina,
pelas diversas organizações teatrais, que são os grupos folclóricos.
Esse
espetáculo cresceu ao ponto de, organizadamente, cumprir um regulamento
pré-estabelecido pelos grupos que têm sede nos municípios do estado, que não o
da Capital. As fases preliminares, em regra eliminatórias, começam nesses
núcleos sociais, com os classificados chegando à reta final que é disputada em
Macapá.
Este
ano o público não vai ver as princesas flutuando nos organizados “terreiros”,
nem conhecerá os príncipes que, como em um balé clássico, cortejam as princesas
num bailado moderno sem a obrigação de estar seguindo os passos do tradicional
forró brasileiro e nem por isso, deixa de se constituir em um dos mais
importantes momentos da moderna cultura amapaense.
Este
ano todos nós estamos sem esse espetáculo que nos deixa reflexivo sobre a
criatividade e a imposição da inocência. Até mesmo aqueles que permaneciam
enraizados e teimosamente insistindo que os grupos juninos precisam ser
tradicionais, se renderam ao conjunto do espetáculo.
A
proibição da aglomeração de pessoas e a ordem para todos ficassem em casa
impediram que a manifestação deste ano fosse realizada, muito embora já esteja
consolidado o compromisso para que, em 2021, o espetáculo esteja de volta com
todo o brilho que sempre marcou as apresentações de cada grupo.
Por
enquanto resta a cada um de nós aplaudirmos esses criativos artistas do
bailado, do comprometimento, das espetaculares surpresas e do uso do costumeiro
visual através do brilho e do corte de cada uma das roupas: do marcador, do
príncipe e da princesa, e dos pares que empolgam a plateia e valorizam o grupo.
Os
pequenos empreendedores que sempre povoaram as proximidades dos eventos juninos
e sempre têm a quadra como uma fonte de renda para o sustento seu e de seus
familiares, não contaram com essa renda e estão sentindo que faz falta para as
famílias.
Vamos
esperar 2021 com esperança de que o vírus chinês tenha sido vencido.
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