Rodolfo Juarez
Desde o
dia 18 de maio de 2020 que faço hemodiálise na Uninefro, clinica especializada
contratada pelo Governo do Estado para atender a demanda de pacientes com
nefropatia, aqueles com lesão ou doença no rim.
Antes,
atendido na unidade de nefrologia do Hospital das Clínicas Alberto Lima,
localizada no complexo do Hcal que, para atender os novos pacientes
diagnosticados com a nefropatia, havia instituído o quarto turno,
sobrecarregando os profissionais médicos e paramédicos da unidade e deixando os
pacientes em longas espera na sala de recepção.
Na
unidade de nefrologia do Hcal três salões abertos abrigam os pacientes em
hemodiálise, além das unidades de pronto atendimento e o “aquário” dos médicos,
autorizado a funcionar em três turnos. A demanda, entretanto vinha obrigando os
dirigentes da unidade a inaugurar um quarto turno para atender o excesso de
pacientes.
Outros
14 pacientes (ou mais) estavam sendo atendidos no quarto turno, alguns em 3
horas de máquina, outros em 4 horas (a portaria do Ministério da Saúde
recomenda, conforme o caso, que o tempo de duração de uma hemodiálise seja de 3
a 4 horas).
Na
Uninefro são quatro ambientes, cada um com oito leitos e oito máquinas, que
atendem aqueles que são transferidos da unidade de nefrologia do Hcal. Os
pacientes são distribuídos em dois turnos, manhã e tarde, em grupos: o primeiro
grupo é atendido às segundas, quartas e sextas-feiras; o segundo às terças,
quintas e sábado.
Essa
patologia exige a presença de um médico especialista.
Na
Uninefro são três médicos que se revezam, sistematicamente, por turno. Dois
enfermeiros permanentes e mais 2 técnicos de enfermagem que operacionalizam o
processo de hemodiálise. Ainda conta a equipe com nutricionista, assistente
social e psicólogo.
Os
exames são mensais com exigências diferentes quando fecha um trimestre, um
semestre e o ano.
Essa
situação, a cada sessão de hemodiálise, coloca pelo menos o grupo de pacientes
de cada sala, durante um pouco mais de quatro horas, em convivência, lutando
com as forças que ainda tem, para que tudo aconteça como esperado durante a
sessão de hemodiálise.
Este
ambiente acaba criando uma aproximação emocional com as dificuldades de cada
qual. Assim cada um passa a perceber as dificuldades do outro e isso cria uma
empatia involuntária entre todos os que ali estão procurando uma melhor
qualidade de vida.
São
muitos os sacrifícios e problemas de cada um: pacientes em cadeira de rodas,
pacientes com dificuldade para se locomover-se, pacientes querendo viver.
Desde o
dia 18 de maio, na sala em que faço a hemodiálise (lembrem-se são oito
pacientes por sala) 3 pacientes já morreram. O mais recente foi o “seu” Vitor
Hugo, na segunda-feira, dia 25/01, que durante a sessão de hemodiálise passou
mal e faleceu.
Flamenguista
com muito carinho era cuidado pelos que o deixavam e o levavam da Uninefro.
Senti
bastante! E ainda tenho que ver a cadeira fazia à minha frente, esperando outro
paciente certamente.
A
imagem que me é oferecida, a cadeira vazia, me leva a sentir falta daquele que
tantas lutas lutou, querendo continuar respirando o ar que Deus oferece a
todos.
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