Rodolfo Juarez
Não consigo
imaginar a relação governantes x população depois da pandemia.
No momento - e isso
já perdura por mais de um ano -, o cidadão que continuou pagando os seus impostos,
esteja ou não prejudicado pelo momento do coronavírus, não consegue se
aproximar das autoridades. Elas, as autoridades, mantêm o distanciamento
recomendado pelo protocolo da OMS e pelas secretarias de saúde de forma rígida.
Nem mesmo tendo o
conhecimento de que a parcela mais pobre da população fica completamente
isolada, mesmo quando a comunicação entre o contribuinte e o agente público só
pode ser realizada com utilização da internet, computadores atualizados e
telefones com recursos sofisticados, todos aparelhos fora do alcance dos
contribuintes mais pobres.
Estes ficam sem
voz, sem pensamento, sem corpo e completamente isolados do processo de luta e
longe da dignidade sonhada pela falta de emprego e das mínimas condições de
sobrevivência. O contingente populacional que já vivia assim antes da pandemia
aumentou, tanto em número quando no grau de dificuldades.
Quem quiser
rememorar essas condições é só se imaginar vivendo, como vivia, no período
pré-pandemia.
A questão mais
difícil para se resolver a curto prazo está relacionado com a volta dos agentes
públicos para suas atividades nos órgãos públicos, principalmente aqueles que
defendem que o trabalho à distância vale para todos e que todos podem produzir
o mesmo estando disponível, não para o chefe imediato, mas para o atendimento
aos contribuintes que buscam solução de problemas diretamente relacionados com
as suas necessidades.
Nem mesmo as
repartições públicas que recebem os tributos dos contribuintes adotaram um
procedimento que pudesse deixar o contribuinte confortável e em condições até
de discutir a sua contribuição e o que lhe é cobrado.
A distância entre o
contribuinte e os agentes prestadores do serviço público ao cidadão aumentou
chegando ao ponto de se tornar inatingível ou suficientemente distante para não
ser alcançado.
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