Rodolfo Juarez
Não sei,
sinceramente, se ainda dá para acreditar quando autoridades do Ministério
Público, do Judiciário ou da Polícia Judiciária falam em combater a corrupção,
prender os corruptos e “livrar o Brasil dessa raça”, como afirmam nas
entrevistas logo após uma das muitas operações policiais realizadas, cheias de
pirotecnia e espetáculos dantescos, com apresentação de infográficos
identificando a função de cada um na “associação criminosa”.
Afirmam com a
certeza espetaculosa, que foi utilizado o caminho do dinheiro e que a operação,
que sempre recebe um nume capaz de colocar mais lenha na fogueira, foi um
sucesso depois da compreensão do juiz que mandou prender cautelarmente pessoas,
e/ou fazer busca e apreensão de elementos de possíveis provas.
Daí, o juntado vai
para o labor do promotor que se esmera na acusação, em regra na mesma linha
definida quando do convencimento do juiz para assinar os mandados de prisão ou
busca e apreensão que, na mesma hora foram colocados nas mãos de delegados de
polícia para cumpri-los, agindo sempre antes do sol raiar.
Feita a denúncia
pelo representante do Ministério Público, o material vai enfrentar o filtro do
magistrado prevento, exatamente aquele que já não se surpreende com os
arrazoados ministeriais porque já conhece o cerne da questão.
Daí em diante
começa o debate com a presença de advogados que concentram seus conhecimentos
para dizer “não”, e promotores e/ou procuradores que se empenham para dizer
“sim”.
Depois, o juiz do
processo confronta as teses e exara a sentença determinando, em seu
dispositivo, a condenação ou a absolvição do réu, finalizando o processo.
Durante os
processos que são exageradamente públicos, aqueles que tomam conta da mídia, ou
que a mídia toma conta deles, os representantes do Ministério Público, do
Judiciário e da Polícia Judiciária ganham notoriedade pelo seu empenho ou
desempenho no desenrolar do processo e no “sucesso” que teve por cumpri a sua
obrigação, se transformando em referências públicas e, até “ídolos do povo”
pelo que pregaram durante o período de debates dos assuntos inerentes ao
processo.
São heróis
instantâneos pelo seu desempenho no combate à corrupção, especialmente aquela
corrupção que “abala os cofres públicos e deixa cada vez mais os pobres, mais
pobres”, quando provocados por agentes políticos e detentor de cargo político,
seja vereador, deputado, senador, prefeito, governador ou presidente da
República.
Aplausos de três
minutos nas conferências que faz, construindo, para cada momento, frases de
efeito e gostando de ser paladino do rumo certo e feroz caçador de corruptos,
inclusive no legislativo.
Depois de tudo
compreendido aqueles que os aplaudiram como “combatentes da corrupção” são
chamados a aplaudi-los quando deixam, por renúncia voluntária ou por
aposentadoria, quando da filiação em um partido político, exatamente a
organização formada pelas pessoas que elegera para ser alvo dos seus discursos.
Os exemplos, para
não voltar muito no tempo, podem sem tirados de famosas operações com a
“Lava-Jato”, realizada em âmbito nacional, ou “Eclésia” realizada em âmbito
local, e observar que alguns dos que viam corrupção no Legislativo e/ou no
Executivo, passaram a mostrar interesse em novos cargos exatamente no Executivo
e no Legislativo.
O caminho para o
meio daqueles que consideravam “o mal da sociedade”, o “inconfiáveis políticos”
e “agentes potenciais da corrupção”, foi o escolhido pelos ex-defensores da
sociedade e que se diziam prontos para o combate à corrupção.
Nominalmente
podemos citar: o ex-juiz Sérgio Moro, que quer ser o n.º 1 do Executivo
Brasileiro; Deltan Dallagnol, ex-procurador da República, que quer ser senador
ou deputado federal; Sueli Pini, ex-desembargadora do Tjap, que quer ser
deputada federal (indecisa); e, agora, mais recentemente, o ex-promotor Afonso
Guimarães, que também está com vontade de atuar na política com mandato
eletivo.
Essas realidades
causam profunda surpresa para os eleitores que viam nestes agentes públicos,
antes dessas decisões, seus representantes mais confiáveis fora do Legislativo
ou do Executivo.
Como lidar com
isso?
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