Rodolfo Juarez
Todo começo de ano
um grupo de “especialistas” começa a avaliar o desempenho do gestor das
unidades federadas e da própria União (presidente, governador e prefeito).
Uma avaliação que
poderia ser interessante se não houvesse a certeza de que o que o tal “plano de
governo” foi feito sem qualquer compromisso para sua realização e com o único e
prevalente intuito de satisfazer uma exigência que o processo insiste em manter
ou, se mantido, não existe qualquer processo para comparação entre o proposto e
o executado.
Daí em diante o que
se constata é um amontoado de propostas que não foram levadas em consideração
quando da feitura dos orçamentos anuais ou das propostas plurianuais feitas
pelo menos uma vez, por mandato.
A constatação do
que não foi feito é mais uma indicação de desnecessidade deste plano de governo
por não servir absolutamente para nada, nem mesmo para justificar os erros ou
os limites que um gestor novel enfrenta.
O fato é que o tal
plano de governo é um documento no qual os candidatos a cargos do Executivo
deveriam informar a suas principais ideias e proposta para administração o
local que se propõe a governar.
O plano de governo,
que não é consultado por ninguém, a não ser pelos “analistas” do começo do ano,
tem caráter obrigatório e está na lista de documentos que o candidato precisa
enviar ao TSE, sob pena de não receber a habilitação para participar das
eleições como candidato.
Essa obrigatoriedade foi
incluída em 2009 na Lei 9.504/97, que regula as eleições. Porém, não são
exigidos requisitos ou formatos específicos. Assim, cada plano de governo é
feito com formas, ordens e tamanhos diferentes.
Na eleição presidencial de
2018, por exemplo, o plano de Vera Lúcia (PSTU) tinha 5 páginas; já o de
Guilherme Boulos (PSOL) apresentado com 228 páginas. A legislação não faz
qualquer exigência ou estabelece meios que permita a verificação do que foi
proposto. Então, tudo fica por conta da criatividade dos assessores responsáveis
pela elaboração do tal “plano de governo”.
E mais, os candidatos que foram
eleitos e tomaram posse não são obrigados a cumprir as promessas nem
implementar os programas que informam em seus planos que vão desde o simplório
ao mirabolante.
Nem mesmo para entender as
principais pauta do candidato eleito serve o tal plano de governo. Por exemplo,
se alguns deles cita diversas vezes o combate à desigualdade (econômica, de
gênero, racial etc), é possível imaginar que essa proposta seja mais de esquerda.
Por outro lado, caso a liberdade, especialmente a econômica, apareça muitas
vezes, é um indício de que o candidato se posiciona mais à direito no espectro
político.
No dia em que os eleitores se interessarem por esses planos de governo e se informar a respeito das ideias e das prioridades de cada candidato, esses documentos poderiam ser úteis para alguma coisa, do jeito em que está, de nada serve a não ser para aumentar a lista de promessas não cumpridas e de mentiras consolidadas.
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