Rodolfo Juarez
Algumas das
notícias veiculadas na imprensa do Sul e Sudeste, como também por aqui, no
Estado do Amapá, de tão óbvias em suas parcialidades, se tornam motivo de memes
nas redes sociais, prejudicando a credibilidade da informação e colocando em
dúvida a veracidade daquilo que o repórter ou a reportagem se propõe entregar
ao telespectador, ouvinte ou leitor.
Recentemente, uma
emissora do Sudeste brasileiro mandou ao ar uma reportagem, comandada por
conhecido político brasileiro, inclusive com nome na lista dos disputantes do
cargo de Presidente do Brasil, querendo mostrar surpresa, em encontro não
combinado, na casa de uma moradora da periferia da cidade.
A direção da
reportagem, entretanto, esqueceu de esconder o microfone de lapela que colocara
na gola do vestido da senhora escalada para participar e demonstrar a
“surpresa” do encontro.
O programa é de
televisão e se chama “Invadindo sua Casa”, ou coisa muito próximo disso. Tem
como roteiro básico a chegada de um repórter de televisão a uma casa escolhida
“aleatoriamente’, que é invadida pelo repórter para saber como estão passando
os moradores, o que têm para comer, se os filhos estão na escola, quantos
naquela casa estão empregados etc.
Um roteiro muito
bom se fosse realmente feito sem combinação do que deve ou não deve responder o
morador.
No caso em comento,
a direção do programa esqueceu de não deixar a vista o microfone de lapela e,
quando a senhora (era uma senhora bem humilde) veio abrir a porta para a
“invasão de surpresa”, ela trazia no gola do vestido, e bem à mostra, o
microfone e veio dizendo: “Oh! Que surpresa você por aqui!”
O apresentador,
político conhecido nacionalmente, que não é o Celso Russomano da Patrulha do
Consumidor, se fez de rogado e continuou o programa como se tudo houvesse sido
uma grande surpresa para a moradora.
Mas isso acontece
aqui em Macapá. São as entrevistas combinadas e que acontecem principalmente
com dirigentes que têm o costume de querer fazer de uma notícia, uma promoção
pessoal.
E lá vai o repórter
ter que conversar antes com o entrevistado para saber o que ele quer dizer ou o
que ele pode dizer naquele momento sobre determinado assunto. Para falar de
questões mais complicadas e que exigiria conhecimento técnico, o repórter se vê
na condição de ouvinte do entrevistado e não na função de questionador de um
assunto de interesse da comunidade.
Aliás, esse
procedimento se repete, nestes tempos e por aqui, quando o entrevistado é uma
autoridade da CEA Equatorial, com o objetivo de falar sobre o preço da tarifa
de energia elétrica ou sobre contas com valores que, claramente, não
correspondem à realidade daquela habitação ou daquele consumidor.
Há, nesse caso, um
esforço do entrevistado para convencer o consumidor que a empresa está com a
razão naquele conflito, assim como o repórter ou a repórter está certa de que
não adianta perguntar nada fora do combinado.
E a vida segue e a
conta de energia cresce...
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