segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Nada de pergunta fora do combinado...

Rodolfo Juarez

Algumas das notícias veiculadas na imprensa do Sul e Sudeste, como também por aqui, no Estado do Amapá, de tão óbvias em suas parcialidades, se tornam motivo de memes nas redes sociais, prejudicando a credibilidade da informação e colocando em dúvida a veracidade daquilo que o repórter ou a reportagem se propõe entregar ao telespectador, ouvinte ou leitor.

Recentemente, uma emissora do Sudeste brasileiro mandou ao ar uma reportagem, comandada por conhecido político brasileiro, inclusive com nome na lista dos disputantes do cargo de Presidente do Brasil, querendo mostrar surpresa, em encontro não combinado, na casa de uma moradora da periferia da cidade.

A direção da reportagem, entretanto, esqueceu de esconder o microfone de lapela que colocara na gola do vestido da senhora escalada para participar e demonstrar a “surpresa” do encontro.

O programa é de televisão e se chama “Invadindo sua Casa”, ou coisa muito próximo disso. Tem como roteiro básico a chegada de um repórter de televisão a uma casa escolhida “aleatoriamente’, que é invadida pelo repórter para saber como estão passando os moradores, o que têm para comer, se os filhos estão na escola, quantos naquela casa estão empregados etc.

Um roteiro muito bom se fosse realmente feito sem combinação do que deve ou não deve responder o morador.

No caso em comento, a direção do programa esqueceu de não deixar a vista o microfone de lapela e, quando a senhora (era uma senhora bem humilde) veio abrir a porta para a “invasão de surpresa”, ela trazia no gola do vestido, e bem à mostra, o microfone e veio dizendo: “Oh! Que surpresa você por aqui!”

O apresentador, político conhecido nacionalmente, que não é o Celso Russomano da Patrulha do Consumidor, se fez de rogado e continuou o programa como se tudo houvesse sido uma grande surpresa para a moradora.

Mas isso acontece aqui em Macapá. São as entrevistas combinadas e que acontecem principalmente com dirigentes que têm o costume de querer fazer de uma notícia, uma promoção pessoal.

E lá vai o repórter ter que conversar antes com o entrevistado para saber o que ele quer dizer ou o que ele pode dizer naquele momento sobre determinado assunto. Para falar de questões mais complicadas e que exigiria conhecimento técnico, o repórter se vê na condição de ouvinte do entrevistado e não na função de questionador de um assunto de interesse da comunidade.

Aliás, esse procedimento se repete, nestes tempos e por aqui, quando o entrevistado é uma autoridade da CEA Equatorial, com o objetivo de falar sobre o preço da tarifa de energia elétrica ou sobre contas com valores que, claramente, não correspondem à realidade daquela habitação ou daquele consumidor.

Há, nesse caso, um esforço do entrevistado para convencer o consumidor que a empresa está com a razão naquele conflito, assim como o repórter ou a repórter está certa de que não adianta perguntar nada fora do combinado.

E a vida segue e a conta de energia cresce...

  

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