segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Em Macapá, o meu médico assistente é orientador e encorajador.

Rodolfo Juarez

No próximo domingo, dia 2 de fevereiro, viajo para Belém do Pará, para proceder atualizações nos exames necessário para permanecer apto ao transplante de rim a que devo me submeter em um tempo em que dependo de compatibilização entre a posição na fila, o doador morto e eu.

O local do procedimento está definido: será realizado no Hospital Ophir Loyola, na Belém do Pará, e já tenho um número de referência como cadastrado no Registro Geral da Central de Transplante – RGCT n.º 368215-1560.

Eu, como todos os residentes no Estado do Amapá, tenho que buscar esse atendimento em centro de saúde fora do Estado, devido ao sistema de saúde do Estado do Amapá não oferecer esse tipo de atendimento.

Existe uma única lista de transplantes no país, gerida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sob responsabilidade do Ministério da Saúde. Todas as pessoas que precisam de uma doação vão para essa mesma fila.

No Brasil, é crime vender ou comprar órgãos humanos. Dados do Sistema Nacional de Transplante - SNT mostram que, depois do rim, com fila de espera superior a 40 mil pacientes, a maior fila seguinte é por córneas.

No caso do transplante de rim, por exemplo e como dito, são mais de 40 mil pessoas aguardando na fila nacional, mas, em tese, conseguir um doador pode ser mais fácil já que temos dois rins e é possível viver com apenas um.

A ordem na fila única de espera, gerida pelo SUS, incluiu pacientes da rede pública e da rede privada. A ordem é cronológica, mas também leva em conta o estado do saúde do paciente. Por exemplo, alguém que precisa de um rim e consegue fazer hemodiálise pode estar na frente de um paciente com a saúde mais frágil à espera do mesmo órgão. No entanto, o paciente com a saúde mais debilitada é atendido primeiro.

Faço hemodiálise desde 2014 em consequência da falência dos rins devido a uma hiperplasia prostática que levou a retirada completa da próstata naquele ano, mas deixando, como sequela, a falência progressiva dos rins. São 3 vezes por semana (segundas, quartas e sextas-feiras), quatro horas por vez, no turno da tarde, na Clínica Uninefro Amapá, com um controle rigoroso de vários índices de saúde e estado de outros órgãos como coração, pulmão, pâncreas, fígado e outros; acompanhamento do estado dos ossos, sistema vascular, cérebro; verificação de doenças como hepatite, aids, colesterol, diabetes; além de índices como cálcio, fósforo, potássio, sódio, creatinina, acido único e outros, além de exame completo do sangue com análise permanente do hemograma, entre tantos outros cuidados com alimentação, esforço, tudo com permanente vigilância e análise dos exames pelo médico assistente.

O médico que me assiste é o Dr. João de Barros Neto, nefrologista, que tem sido meu orientador e encorajador.

Buscar as condições para entrar na fila do transplante é um drama para cada um dos pacientes renais crônicos que tem no Amapá, uma vez que o Estado não oferece os serviços de transplante e nem as orientações preventivas que poderiam evitar muitos dos futuros casos crônicos.

As autoridades do sistema de saúde do Estado precisam acordar para o que está acontecendo. As perdas, por morte, devido à falência dos rins de residentes no Amapá são muitas, muito embora as estatísticas não registrem com essa causa mortis.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário