Rodolfo Juarez
Mais um acidente
que entra para a estatística dos acidentes fluviais na região Amazônica que,
lamentavelmente, não consegue despertar nas autoridades locais, regionais e nacionais
o sentimento de que é de suas responsabilidades conter essa onda, considerando
as características de cada um dos acidentes e os horários em que acontecem.
Os “rigorosos
inquéritos” que são abertos pela Marinha do Brasil, além de darem resposta tardia
para a sociedade, não refletem qualquer mudança nos elementos constitutivos da
navegação fluvial como porto de embarque e desembarque de carga e passageiros,
definição de faixas de navegação, de sistema de comunicação e, principalmente
horários de alto risco.
A maioria dos
acidentes ocorre pela parte noturna, principalmente entre uma e 5 horas da
manhã.
A prática indica
que nesses horários o comandante da embarcação chama um auxiliar para comandar
enquanto descansa. Essa é uma regra, infelizmente, nesse horário acontecem os
acidentes, com embarcações tendo choques frontais ou laterais.
Os frontais por
negligência ou irresponsabilidade absoluta de um dos comandantes de, pelo
menos, uma das embarcações, e os laterais por impossibilidade de manobra devido
ao tamanho das embarcações, principalmente aquelas que estão carregadas de
contêineres e as chamadas “cabeças” de caminhões.
Ou se define um
horário para a navegação ou os acidentes continuam acontecendo e,
lamentavelmente, gente que nada tem a ver com isso, a não ser a decisão de usar
esse meio de transporte, morrendo no meio do caminho de forma cruel: ou
esmagado na ocasião do choque, ou afogado quando a embarcação em que estava
afunda, ou dela é cuspido.
Lamentavelmente, no
sábado, dia 06, antes das duas horas da madrugada, uma embarcação que pertence
a uma empresa amapaense, a Nortelog, se viu envolvida em um acidente fluvial
com resultado morte.
Uma balsa de
passageiros, pertencente a uma empresa paraense, e uma balsa de carga,
pertencente a uma empresa amapaense, na Baia do Marapatá, próximo à Ponta
Negra, se chocaram, com a balsa de carga atingindo a lateral da balsa de
passageiros onde, a maioria dormia.
O pânico é
suficiente para que cada um dos passageiros nunca mais esqueça daquele momento
e da dor, o suficiente para maldizer um sistema de transporte que é eficiente,
usado pela população mais pobre da região, que não tem mais nenhuma alternativa
para se deslocar de uma cidade para outra.
Os demorados
inquéritos das autoridades responsáveis pela navegação na Amazônia, acabam por
desiludir completamente os usuários que, sem ter alternativa, nem melhoria na
comunicação ou sinalização, passados pouco tempo, lá estão na mesma embarcação,
com os mesmos riscos e com as mesmas ambições.
Vejo governadores,
em reuniões para beber sucos regionais, “tratando da Amazônia” como se não
houvesse a navegação fluvial.
Senhores
governadores, as pessoas na Amazônia viajam e a única alternativa que têm é a
viajem fluvial, nas embarcações de passageiros que, de vez em quando, estão
sendo abalroadas pelas embarcações de cargas, sempre maiores, mais pesadas e em
comboio.
Ora, no episódio de
sábado quando uma pessoa morreu e outros estão hospitalizados, o proprietário
da embarcação de carga é um alto dirigente do Amapá, o vice-governador do
Estado.
O que esperar o
futuro?
O mesmo que os
familiares dos mortos do Novo Amapá esperam até agora?
Ou os do Cidade de
Óbidos VI?
Ou de outros que
trazem tristes recordações do acidente, do resultado dos inquéritos, ou da
inação dos governantes para., pelo menos diminuir o risco da viagem fluvial.
Saibam todos que há, nisso tudo, negligência, de muitos, mas especialmente, das autoridades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário