Rodolfo Juarez
Já faz algum tempo
que os observadores da vida cotidiana, de certa forma, esperavam por esse
momento. O momento em que se sentiria falta do sistema de drenagem pluvial de
Macapá, como de resto, de todo o sistema infra estrutural da cidade que precisa
ficar enterrado e, assim, não ser visto pela população.
Macapá, desde os
seus primórdios, tem em seu perímetro urbano uma definição perfeita do sistema
de drenagem, traçado pela natureza e a serviço do bem-estar daqueles que
moraram e moram em Macapá.
Um sistema que
funcionou natural e harmonicamente em favor do bem estar da cidade, que ainda
contava com uma lagoa de dimensões suficientes para entrar em ação em caso de
necessidade da parte mais interior da cidade.
A população
cresceu, e foram poucos os administradores que investiram tempo e dinheiro no
acompanhamento das necessidades da infraestrutura da cidade.
Agora, já com quase
600 mil habitantes, o tempo que passou se apresenta como tempo perdido. Todo o
sistema de infraestrutura da cidade está com sua disponibilidade muito para
trás: esgoto, com 5% de disponibilidade; água tratada, com menos de 50% para
atendimento; macro e micro drenagem pluvial, em poucos pontos da cidade; canais
de drenagem, apenas dois prontos (da Avenida Mendonça Júnior e do Igarapé das
Mulheres), ruas e avenidas, a maioria sem meio-fio, linha d’água e bueiros,
estes com dificuldade e os outros porque não existe a linha de coleta da
drenagem.
Assim, observa-se
que todo o sistema de drenagem está prejudicado e, mesmo em uma cidade cheia de
canais, com uma lagoa como a Lagoa dos Índios e um rio, como o Rio Amazonas,
fica sujeita a retenção de água da chuva, todas as vezes que a chuva, cai com
mais intensidade.
O pior de tudo é
que, mesmo nesta situação, conhecida e atestada por técnicos da área
científica, a Prefeitura Municipal de Macapá não dispões de um plano, por mais
primário que seja, que demonstre esse conjunto de canais naturais de drenagem,
a Lagoa dos Índios e o Rio Amazonas, como elementos naturais para os quais
podem ser direcionadas as águas de chuva que caem em Macapá.
Mas ainda tem outra
situação pior: a falta de direcionamento da expansão da cidade e, por isso
também, as populações autóctones ou migrantes vão ocupando áreas que jamais
poderiam ser ocupadas, pois, avançam a cidade sobre suas áreas de ressacas
(bacias naturais de contensão) e sobre as cabeceiras e corpo dos próprios
canais, interrompendo a sua efetividade natural com relação ao escoamento da água
tanto para a Lagoa dos Índios como para o Rio Amazonas.
A Prefeitura de
Macapá precisa, urgentemente, de um plano de drenagem para a cidade, com
conhecimento de pontos de referência altimétrica (coisa que já teve) e
construir as margens e os fundos dos canais naturais que, agora, estão
recebendo toda a carga de resíduos carreadas pelas chuvas.
Há diversas
técnicas de proteção de margens e fundos de canais, sobejamente experimentos e
testados em outros sítios urbanos, tanto de maior como de menor densidade
populacional.
Para resolver os
problemas de drenagem da cidade de Macapá não precisa de opiniões, como as
recentemente dadas pelo secretário municipal da Zeladoria Urbana de Macapá,
quando afirmou que para resolver o problema precisava “engrossar os tubos de
drenagem”.
Sugestão, venhamos,
fora de qualquer técnica e sentido, para ser dada por um secretário municipal,
primeiro escalão do prefeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário