quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PIRATARIA PROFISSIONAL


Rodolfo Juarez
Tive oportunidade de acompanhar a falta de entusiasmo dos candidatos aos cargos que o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Amapá colocou para ser preenchido, em votação que se realizou durante todo o dia de terça-feira, 8 de novembro.
Nem parecia que se estava escolhendo o presidente de um dos mais importantes organismos tecnológico do Estado do Amapá. A abstenção incomum reflete muito bem o desencanto com que os profissionais de engenharia e agronomia, além dos técnicos das áreas votadas para a engenharia, carregam nesse momento.
É claro que não dá para analisar a situação apenas pelo dia da votação. O assunto é muito mais grave do que parece e é composto por vários fatores que vêm desde a forma como as categorias profissionais que são fiscalizadas pelo Crea/AP foram tratadas pelos organismos públicos locais.
A situação causa prejuízos de toda a ordem para o desempenho do setor público e, em consequência, para a expectativa da população que vê obras e serviços de engenharia prolongar-se, sem data para terminar, devido a prioridade que elas recebem dos contratantes, prejuízos que se refletem nos resultados obtidos pelos profissionais que se vêm atraídos pelos salários de outras profissões e pelo risco de ser empresário do setor.
Sem cuidar dos planos de carreira no setor público e sem ter zelo com os prazos contratuais, os donos das empresas, na qualidade de contratados, e os gestores públicos, na qualidade de contratantes, acabam espremendo o profissional que é o mais prejudicado ao longo desse cenário de incertezas.
Mesmo as empresas tradicionais, comandadas por engenheiros, não estão apresentando os resultados que poderiam apresentar e nem prestando o serviço que poderiam prestar em decorrência da forma como são encaradas no contexto local, onde o empresário e a empresa, para sobreviver, tem que se submeter aos caprichos dos gestores públicos.
A eleição também escancara outras dificuldades dos profissionais e, entre elas, está aquela que é sustentada pela desconfiança, devido à projeção que se faz para o setor tecnológico no Estado do Amapá, onde o amadorismo e a o exercício ilegal da profissão de engenheiro não é combatido e por isso, prevalece a “pirataria profissional” muito mais nociva para a sociedade do que a pirataria de CD e DVD, tão combatida e muito menos nociva.
A cada eleição se renova a esperança dos profissionais. Mas, a cada eleição, também se vê a falta de flama, entusiasmo e sentido de proteção da profissão que, não faz muito tempo, era uma das mais importantes do Estado e posicionada em todos os escaninhos da sociedade.
Retomar o seu espaço, ensaiar a garantia de um futuro melhor para os profissionais da Engenharia, da Agricultura e dos técnicos dessas áreas é a também garantir para a sociedade amapaense o caminho certo na construção de suas cidades, suas estradas e tudo o que diz respeito à moderna tecnologia urbana e rural.
Particularmente, ainda acredito que pode haver o reconhecimento dos profissionais e a retomada
da atividade de cada um, para aplicar o seu conhecimento, recompensando a comunidade que investiu na educação de cada um dos profissionais de engenharia e agronomia para que colocassem o seu profissionalismo no sentido de dar melhores condições de vida para a população.

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