quinta-feira, 19 de março de 2015

O engenheiro em ambiente de crise

Rodolfo Juarez
O que está acontecendo no Amapá com os profissionais da área de engenharia foi retratado na semana que passou, em um artigo que trouxe, como feedback, o quanto pode estar sendo um erro dos administradores não se valerem do conhecimento dos engenheiros e dos técnicos na área de engenharia, nas diversas especialidades, para equacionar os recorrentes problemas que atravancam a Administração Pública e o Estado.
E são muitos e cada vez maiores esses problemas que atravessam a cidade e todas as direções, caminham pelas rodovias municipais, estaduais e federais, até chegarem ao interior, onde os agricultores estão experimentando o pão-que-o-diabo-amassou.
Não custa nada escalar os engenheiros e os técnicos em engenharia para jogar no time principal das administrações. Não em posições de menor importância, ou para ficar no “banco” esperando uma oportunidade.
O jogo que está sendo jogado é para craques e para artilheiros. Para aqueles que conhecem a profissão. Aqueles que tenham condições de chamar a responsabilidade para si, dar um drible quando está o “jogo” difícil ou “ficar com a bola” quando estiver ganhando o “jogo” e com a “partida” sob controle.
Não cabe para esses profissionais, acostumados a assumir responsabilidades, a estar dizendo que isso e aquilo foi uma ordem do “chefe”, “que pensou por mim”, “que mandou”. Não, não funciona desse jeito. Para os profissionais de engenharia há a regra da técnica e do conhecimento.
Nem mesmo aqueles que aceitam o “jogo da moda” – obedecer cegamente o patrão – conseguem render tudo o que podem, tanto é a castração a qual está submetido.
Dá a impressão que há um gosto em deixar o engenheiro afastado, provavelmente porque sabe fazer conta, justificar uma iniciativa, ponderar uma decisão e estar sempre treinado para comandar equipes e não ser comandado ou comandar à distância.
A situação das rodovias, sejam as já construídas ou as em construção, pelo seu estado atual explicam o que está acontecendo.
O descumprimento de cronogramas acertados nas ordens de serviço virou regra e as obras nunca saem no prazo e, por isso, algumas continuam paradas dando a dimensão do descaso e da desconsideração com os tributos pagos pela população.
Os canais nos trechos urbanos e as vias urbanas são identidades de serviços mal feitos, resultado da desobediência à boa técnica e às normas de execução.
Sistema de água e energia sendo manchetes pela baixa qualidade e pelo desperdício, este deixando o título de campeão com as concessionárias locais, mesmo quando o campeonato é nacional.
Ninguém do município de Macapá ou do Estado acerta concluir uma planilha que definiria o preço da tarifa do transporte público. Tudo é deixado para ser feito no judiciário, de preferência na última instância.
Alugar prédio de particulares para funcionar repartição pública virou rotina e não mais se conseguiu planejar nada, nem mesmo às necessidades de expansão que é inerente a um Estado que vê a população aumentar em mais de 20 mil habitantes a cada ano e não se preocupa em apurar de onde está vindo esta população e, principalmente, onde deve coloca-la.
O engenheiro, em qualquer estado do Brasil e em qualquer parte do mundo, se revela um excelente administrador que sai da universidade com preparo suficiente para assumir esse tipo de responsabilidade.
Basta encontrar um jeito de aproveitar a competência, a liderança e a capacidade criativa dos engenheiros.

Doutra forma, não custa tentar. O engenheiro e os técnicos em engenharia costumam sair-se bem em ambiente de crise.

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