Rodolfo Juarez
Está a
sede do município de Ferreira Gomes e todas as margens do rio Araguari sofrendo
os efeitos de um projeto de desenvolvimento que intervém no modo de vida da
população e que não teve a dimensão avaliada nos projetos, nos estudos de
impacto ambiental e nem nos relatórios de impacto ambiental.
A
teoria de Maquiavel foi empregada em sua plenitude quando da defesa do projeto
e alegação, entre paredes, de que “os fins justificam os meios”.
A
energia elétrica é um bem indispensável para a vida moderna e o discurso de que
o desenvolvimento do Amapá não se deu até agora por causa da falta de energia
foi o aditivo que precisavam os construtores para fazer as suas justificações
sem considerar os riscos que as comunidades, sob a influência do rio, correriam
em nome do “desenvolvimento a qualquer preço”.
Foram
apresentados, em audiências públicas, os estudos de impacto ambiental.
Muito
embora houvesse a desconfiança de que nem toda a verdade estava sendo dita para
a população, através dos seus representantes que para as audiências ouvir os
treinados apresentadores a falar do lado bom da moeda, sem destacar que havia o
outro lado.
O
Artigo 326 da Constituição do Estado do Amapá, de 20 de dezembro de 1991,
atualizada pelas Emendas Constitucionais de n.º 0035/06 e de n.º 0036/06,
ordena que: “A construção de centrais hidrelétricas dependerá de projeto
técnico e impacto ambiental, com a participação do Conselho Estadual do Meio
Ambiente e prévia aprovação da Assembleia Legislativa”.
As
obras das usinas que estão sendo construída no curso do rio Araguari receberam
financiamentos de bancos públicos e para isso, havia a necessidade de
apresentar todas as licenças, inclusive àquela que é de competência da Casa do
Povo.
Nesse
momento as usinas ainda estão em fase de construção e já se registra um
problema grave, com dimensões jamais apresentadas à população, e com o produto
da geração, a energia elétrica, sendo vendida para outas concessionárias que
não a que atua no Estado do Amapá.
Já se
percebia que as autoridades do Estado não estavam acompanhando a construção
daquelas unidades geradoras, para disciplinar as empresas conforme os
interesses da população do Amapá.
Agora o
que era suposição é a mais clara realidade.
As
autoridades do Estado, principalmente os deputados estaduais, precisam
encontrar uma fórmula de garantir a tranquilidade da população que viu o “seu”
rio, invadido pelas empresas predadoras, modificando a fauna e alterando,
substancialmente a flora, sem as compensações que precisariam ser, no mínimo,
do tamanho dos problemas provocados pela intervenção.
O
ocorrido esta semana em Ferreira Gomes e adjacências, em decorrência de uma
decisão unilateral, provavelmente necessária e tomada por uma das empresas que
está intervindo diretamente no meio ambiente local, causou estrago social
imensurável.
A
medida unilateral precisava ser do conhecimento de todos, principalmente dos
diretamente afetados, para que não sofressem os prejuízos que sofreram e
colocassem em risco a economia, a saúde e a vida de cada um.
É
preciso modificar o comportamento, levar a sério o que está acontecendo no
Araguari e que, urgentemente, cada um cumpra o seu papel.
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