terça-feira, 14 de julho de 2015

A Janela

Rodolfo Juarez
Em tempo de crise a criatividade e a competência devem superar o formalismo e a burocracia que são predominantes na administração pública aqui ou fora daqui.
Todos devem priorizar e enfrentar as dificuldades que a população mais pobre está passando e não ignorar a realidade e criar mais problemas para que essa mesma população desista de acreditar que é bom viver.
Se de um lado se vê os gestores alegarem as suas próprias dificuldades, de outro esses mesmos gestores, como que ignorando os problemas, colocam as suas próprias dificuldades nos ombros de uma população que, muito antes desses gestores, já calmavam por socorro, inclusive para atender às suas necessidades básicas.
Mas de pouco tem valido essa constatação.
Continua a exterminação da paciência da população através da asfixia de suas condições de sobrevivência e com isso desafiando as pessoas para um “salve-se quem puder” com consequências imprevisíveis.
Nem mesmo os gastos com a aquisição de viaturas para o sistema policial, inclusive um helicóptero, será suficiente para enfrentar, com eficiência, as consequências da falta de condição social a que muitas famílias serão jogadas.
Os aumentos nos preços públicos são cercados de irresponsabilidade social, mesmo que venha carregado justificativas econômicas.
Esse momento é para ser entendido e não para ser atiçado a piorar. Retirando das famílias as últimas gotas do suor e do sangue que dispões para manter vivo o sentimento de que vale a luta e que é preciso acreditar na melhoria das coisas a partir das instituições viciadas e mal dirigidas que hoje é lugar comum no Amapá e no Brasil.
A população está esgotada economicamente e mesmo assim, está sendo espremida para retirar a último pingo que precisa para conviver com a pobreza quase extrema, mas com dignidade.
É preciso acordar para a realidade!
Há muito que todos vêm sendo alertado para o mal que as salas refrigeradas estão fazendo para os gestores que não conseguem olhar por uma janela para o mundo o qual assumiram a responsabilidade de torná-lo melhor, com um mínimo de acolhimento para uma população que vê despertar o sentimento da enganação.
É preciso que seja baixado uma ordem de serviço obrigando aos que chefiam alguma coisa no Amapá ir para a rua, conversar com a população, conhecer o momento de cada um para, quando voltasse ao conforto da sala refrigerada, saber o que fazer visando encontrar a melhor maneira de cuidar das pessoas.
Todos estão falhando!
Nem mesmo o chefe escapa dessa mediocridade, enquanto a população segue sem guia a maioria, não entendendo o que está acontecendo, acreditando que ainda tem jeito e que, ao contrário do que acontece na Administração Central do País, não é preciso a interrupção de mandatos.
A sensibilidade, tão necessária nesse momento, está encontrando dificuldades para ser instalada na faixa de competência dos mandatários.
Há uma espécie de vazio, onde as quedas são absolutamente inevitáveis.
E os jovens?
Aqueles que são a esperança de qualquer povo, inclusive o amapaense, estão vendo tudo isso completamente caricaturado, distorcendo a avaliação de cada um deles, decepcionados com tudo o que assistem e deseducados das boas maneiras e formas, tateiam, sabendo das suas responsabilidades, mas irritados com os exemplos que ouve, vê e lê.

Os aumentos nos preços públicos da CEA e da CAESA são apenas mais dois na sangria dos salários estáveis, impossíveis de ser corrigidos, mas consumidos a cada dia pelo dragão da inflação.

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