quinta-feira, 23 de julho de 2015

A verdade deve ser diata

Rodolfo Juarez
Em tempos de crise tudo o que poderia ser encarado com normalidade e como erro eventual passa a constituir-se resultado superavaliados e, especialmente, cheio de penduricalhos prontos para serem colocados no pescoço de um e de outro, conforme a preferencia daqueles que ficam encarregados de dar as desculpas.
O envolvimento emocional, principalmente dos dependentes diretos - ou quase -, é construído de forma a dar a nítida impressão de que o responsável pelo resultado não é o responsável e aquele nada tinha a ver com o caso para ser o principal reflexo do que poderia ter sido e que não foi.
O episódio da liberação do recurso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que consta do plano de desembolso atual do banco para pagamento futuro do Estado do Amapá se transformou em um mistério, cheio de hipóteses, cada uma mais escabrosa, mas funcionando sempre como cortina para a inapetência daqueles que já tinham avisado aos chefes e, principalmente, aos diretamente favorecidos, de que tudo estava devidamente resolvido.
Que nada!
Em tempos de crise as questões são tão instáveis que não dão trégua para nenhum gestor negligenciar quando às providências, mesmo as mais primárias e obvias, no sentido da classificação do que realmente está resolvido.
A gestão financeira das organizações públicas caminha no caminho crítico dos gráficos de desembolso tocando, de vez em quando, nas barreiras que são criadas como garantia para a informação correta e a minimização da taxa de erro.
Então, para garantir a confirmação de todas as informações, é preciso que sejam levados em consideração os elementos próprios do tempo de crise. O exemplo do desembolso do BNDES é apenas mais um e que precisa ser analisado, principalmente quando não há espaço para qualquer tipo de manobra ou retardamento.
A frustração daqueles que estavam certos de que tudo o que sabiam era confiável, foi trucidada pela cadeia de compromissos formados a partir da informação dita sem as ressalvas necessárias e sem levar em consideração todos os fatores, inclusive aqueles considerados irrelevantes.
Não adianta mais administrar com desejos ou vontades exclusivamente. É preciso que se reserve um espaço considerável para as decorrências da crise que afeta a todas as instituições e, como reflexo, em todos os cidadãos.
É bom considerar que a estabilidade será sempre buscada de cima para baixo, sem espaço para erros e sem centrar as atenções nos reflexos eleitorais. Os problemas precisam ser encarados com realidade e, principalmente, ditos com essa mesma honestidade, sem procurar “chifre em cabeça de cabalo”.
Muito embora se compreenda alguns comportamentos, nada pode superar os limites da coerência e do entendimento da realidade atual. De pouco está interessando para os executivos, o como era. Agora vale muito mais o “como é” e o “como será”.
Confiança no que faz e o exercício da verdade devem prevalecer para que os problemas não sejam dificultados ainda mais, por ação ou inação de um gestor que teria apenas que dizer a verdade, inclusive àquela que não agrada.
Tomara que as etapas desse episódio sirvam como lição e que a lição decorrente seja aprendida para que não seja aumentado, ainda mais, o desespero daqueles que estão convivendo com as suas próprias dificuldades e as dificuldades dos outros.
A verdade deve ser dita. A mentira precisa ser eliminada. E quem errar a escolha deve ser dispensado para que a população não seja, mais uma vez, a depositária dos maus resultados que estão expostos por ai.

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