sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Encantos e desencantos de Macapá

Rodolfo Juarez
Macapá está, de novo, fazendo aniversário de fundação: é o ducentésimo qüinquagésimo oitavo. Oportunidade para se falar da cidade, analisar o seu estado atual, imaginar o tempo que passou. Os bons e maus momentos que foram ficando para traz e as consequências dos erros cometidos por aqueles que disseram que estavam prontos para se dedicar à sua administração.
Uma cidade que foi impondo à sua população os resultados de um mundo moderno, cheio de violência e carência, e não oferecendo os instrumentos de salvaguarda que seriam esperados daqueles que ganharam e ganham o dinheiro da sociedade para criar condições adequadamente seguras para viver e conviver.
A cidade reclama pelo maltrato através dos habitantes que sabem que há condições para viver em um ambiente melhor, mais saneado e com atendimento social capaz de assegurar confiança em cada um dos que moram na cidade.
É importante lembrar que faz tempo que a cidade não oferece à sua população essa confiança, deixando-a cada vez mais duvidando da capacidade daqueles que disseram que estavam dispostos a tratar da cidade e de seu povo, como se fosse a sua casa e a sua família.
Os valores foram, ao longo do tempo, sendo invertidos e as atenções deixaram de ser comum e passaram a ser para os grupos ou para as pessoas que eventualmente estão no plantão para resolver os problemas comuns.
Os 258 anos vividos pela cidade são testemunhas de vários momentos e que, agora, são os indicadores que deveriam servir de pontos de análise para encaminhar solução para os diversos problemas.
Como o dinheiro que é disponibilizado para os administradores é considerado curto demais, as prioridades são definidas por esses administradores e, na maioria das vezes, são prioridades que não estão de acordo com o que pretendem os moradores, esses incríveis pagadores de tributos.
Macapá e seu povo não vivem um bom momento! E não é por causa da crise. As responsabilidades são de muitos: daqueles que estão ou estiveram na administração municipal e daqueles que têm endereço na cidade e não se importam com a sua condição.
Um povo que apesar do sofrimento ainda tem esperança!
Macapá pode ser melhor. Sempre é esperado alguém que surpreenda a todos, que demonstre capacidade inventiva na administração e seja o comandante desse povo que precisa voltar a confiar em alguém, precisa de um líder para seguir.
As belezas naturais de Macapá não mais estão sendo suficientes para estancar a raiva dos que deveriam fazer mais e não fazem. Nem mesmo do meio dos aventureiros sai alguém capaz de empolgar, receber aplausos, se mostrado como comandante.
Enquanto isso os oportunistas vão passando incólume, prejudicando à cidade e a si mesmo, deixando um rastro de incompetência por todos os lados, não avançando nas suas propostas de vida ou profissional e se enclausurando, depois de pouco tempo, nas fortalezas particulares que são construídas pelo cimento ou pela vergonha.
Vai começar um novo ciclo temporal para a cidade. A partir do dia 5 de fevereiro Macapá espera respirar o ano novo do começo da recuperação, do início da retomada por aqueles que precisam tratá-la melhor, respeitá-la e a seu povo, demonstrando que querem ser lembrados como pessoas que marcaram o tempo na cidade e não aqueles que saquearam a cidade.

A esperança ainda perdura e um dia, quem sabe, ainda comemoraremos o aniversário de Macapá sem reclamar e apenas exaltar.

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