quarta-feira, 30 de março de 2016

Governo do Amapá: o dilema da governabilidade

Rodolfo Juarez
O momento é de total atenção para a decisão da Administração Estadual que parcelou o pagamento dos funcionários públicos do Estado, muito embora esse momento seja o reflexo de uma série de erros de gestão que vêm sendo perpetrado contra o que pode ser classificado como interesse primário do Estado.
Depois de vir à reboque de uma onda de crescimento na qual viveu o Brasil desde meados da década passada, os dirigentes públicos locais, todos eles, se sentiram em uma zona de conforto que imaginavam jamais acabar. Nos primeiros sacolejos, entretanto, os “jerimuns” se agasalharam e o que restou foi um ambiente onde os dirigentes se perderam.
Já no segundo mandato do governador Waldez se tinha as primeiras indicações de que os ventos estavam mudando. Isso não foi percebido e a transição para o governador Pedro Paulo, além de não ter o entendimento político dos agentes, a área econômico-fiscal foi relegada a planos inferires, apesar do alerta de alguns daqueles que se propuseram a gerenciar os interesses do setor.
A eleição de 2010, cheia de fatores influentes externos, levou ao comando dos interesses do Estado, Camilo Capiberibe que encontrou um estado já em dificuldades econômicas, mas ainda arrastado pela onda do desenvolvimento nacional.
Os empréstimos junto aos bancos públicos foram entendidos como a tábua de salvação para a administração que se instalara. As primeiras medidas foram até à autorização da Assembleia Legislativa dos empréstimos junto ao BNDES e à CAIXA ECONÔMICA, suficiente para maquiar as dificuldades.
Com um discurso populista o povo elegeu em 2014 Waldez Góes, prometendo cuidar das pessoas e das cidades. Logo que assumiu o governo se valeu do velho costume de colocar a culpa pelas dificuldades daquele momento na gestão que acabara de sair do comando do Estado.
Ao invés de cuidar da administração, cuidou muito mais da judicialização do que considerava erros administrativos cometidos pelo seu adversário político preferencial.
No outro viés o povo já dava um aviso importante: renovou mais da metade dos deputados da Assembléia Legislativa e quase todos os deputados federais, além de eleger um senador da República que não se aliara durante a campanha ao governador eleito e empossado.
A vitória eleitoral foi fragorosa, apesar disso, a equipe não conseguiu identificar os problemas que deveriam ser tratados com prioridade, como a real possibilidade da retração na economia implicando na queda da receita.
As desculpas do primeiro ano de mandato foram colocadas nos problemas selecionados da gestão anterior. As providências urgentes não foram tomadas e não houve reconhecimento da realidade que tinha obrigação de identificar, no mínimo sendo cauteloso no trato daquelas questões.
Apesar de ter todas as condições de apoio popular para diminuir o tamanho do estado e, em consequência o custo Amapá, não o fez e, ao contrário, imaginou um Estado maior onde caberiam mais custos.
Erro fatal!
A Receita Estimada não se confirmou nos primeiros meses de 2016 levando o Governo do Estado à necessidade de rever os seus princípios, mesmo assim não fez, preferiu chamar para o problema os funcionários do Estado e com eles as particularidades de cada um. Outro erro!
Agora se vê em um beco sem saída, com receita insuficiente para cobrir as despesas e o Estado caminhando para a insolvência econômica, tendo uma conta para pagar maior do que a sua capacidade de pagamento.
Optou por não fazer quando podia e agora tem que fazer quando não pode.

O dilema está posto!  

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