Rodolfo Juarez
Os
funcionários públicos do Governo do Estado do Amapá, através de suas
representações sindicais ou associativas, já começaram a reação contra a
perspectiva e quase certeza de que o pagamento dos seus salários referentes ao
mês de abril corre o risco de não serem pagos até o final do mês e, mesmo, até
o quinto dia útil do mês subsequente ao da aquisição do direito como prevê a
Constituição do Estado do Amapá.
Interno
ao cenário, os comerciantes e os prestados de serviços estão atentos, pois
sabem das repercussões que o atraso ou o parcelamento dos salários do setor
público provoca em toda a cadeia empresarial do comércio e do serviço,
principalmente, implicando no atraso no cumprimento dos prazos de pagamentos de
fornecedores e a sobrecarga dos acréscimos dos juros de mercado, das correções
monetárias e do desgaste no relacionamento empresarial com os fornecedores.
Afinal,
as consequências contaminam toda a estrutura econômica que, especialmente no
Amapá, é extremamente sensível a essas variações, por razões próprias do
mercado local.
As
atenções, este mês especialmente, se voltam para o total da folha bruta de
pagamento do Governo do Estado, onde deverão estar retratadas todas as providências
tomadas para recolocar as finanças do Estado em condições de suprir as
exigências para o funcionamento da “maquina”.
O
momento ganha especial importância porque projeta exigências de serem mexidas
com as pessoas, exatamente aquelas que foram elemento de motivação para a
campanha de 2014 que elegeu o atual governador e o vice-governador.
Da
parte da administração estadual, as medidas anunciadas estão emperradas na
burocracia ou sofrendo a contenção daqueles que têm a incumbência de colocá-las
em prática e que produziriam a contenção dos gastos públicos.
Apesar
de reconhecer o precário desempenho da receita estimada para o ano de 2016, as
autoridades do Governo não conseguem ser efetivo o suficiente para transmitir
confiança em um ambiente onde há necessidade de serem tomadas decisões
modificativas e que adaptam o Estado à realidade do momento.
A necessidade
de agir e a pressão da urgência levaram o governador e os seus auxiliares mais
diretos a anunciar adesão a uma proposta do Governo Federal que adiaria o
pagamento da dívida do Estado, com a concessão de moratória por quatro anos, e
que encantou tanto o governador como os seus auxiliares.
Nem
perceberam aquelas autoridades e seus conselheiros que se tratava de adiar um
grande problema e alimentar uma gigantesca dívida que poderia levar o Estado do
Amapá para um precipício econômico e, nessa “viagem” sacrificar os funcionários
públicos e o próprio Estado, impondo-lhes medidas que vão desde a cassação do
direito de atualização de salários, até o de continuar com a liberdade de
procurar as suas próprias saídas sócio-econômicas.
Na
prática o Estado ficaria obrigado e editar leis para atender exigências da
União, afetando a independência dos entes federados e, por isso, ferindo a Constituição
Federal em uma de suas cláusulas pétreas.
No que
afeta diretamente os funcionários públicos estaduais, dez medidas são exigidas
para o paliativo momentâneo e que ofendem o direito adquirido na sua essência,
como: 1) aumento da contribuição previdenciária de 11 para 14 por cento; 2)
proíbe o aumento de salários, inclusive de aposentados; 3) proíbe progressão na
carreira; 4) proíbe concurso público e de chamar os já aprovados; 5) limita o
direito dos servidores estaduais e, no máximo, o que tem o servidor federal no
Regime Jurídico Único; 6) inventiva a demissão voluntária; 7) acaba com os
qüinqüênios e anuênios; 8) acaba com a licença prêmio; 9 proíbe receber em
dinheiro as férias e as licenças não gozadas;10) contratação só de
terceirizados; entre outras que ofendem as relações entre os Estado e seus
servidores.
O
momento é muito difícil. Exige competência e liderança dos governantes,
compreensão e dedicação dos colaboradores, mas, sobretudo, clareza nas
consequências das decisões tomadas agora.
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