domingo, 31 de julho de 2016

A palavra está com o eleitor

Rodolfo Juarez
O governador do estado e os prefeitos municipais precisam estar atentos aos acertos políticos que estarão fechando até o dia 5 agosto, último dia para as convenções, para não transformar as instituições públicas em banca de negócios políticos.
Não há nada de reprovável quando um líder político procura os melhores caminhos para enfrentar os pleitos eleitorais como as eleições municipais que deverão acontecer no dia 2 de outubro, quando serão eleitos vereadores, vice-prefeitos e prefeitos municipais.
Por outro lado é importante que não transforme o seu poder discricionário em instrumento de barganha ou de negócio, como o que aconteceu com a entrega da Companhia de Água e Esgoto do Amapá ao PPS em troca da entrada do partido na coligação da qual participa o partido do Governo (PDT) nas eleições municipais de 2016.
Esse é um costume antigo, mas que precisa ser repensado antes que o eleitor fique atendo e não aceite esse tipo de “negócio” sem que seja consultado ou, pelo menos, tenha uma explicação adequada das vantagens pública que poderão haver e não apenas e tão somente a vantagem eleitoral que pode usufruir esse ou aquele partido.
O sistema brasileiro é, inegavelmente, um dos mais avançados, mas precisa que os dirigentes partidários entendam e pratiquem as regras partidárias que, possivelmente por isso, estão com leis mais exigentes, mas que pouco influi na conduta das lideranças políticas que ainda imaginam que na eleição “só não vale perder”.
Este ano as eleições municipais podem mostrar um eleitor diferente, seja pelas novas regras aprovadas e que encurtaram o tempo de campanha, seja pela limitação de gastos que foi imposta aos candidatos e partidos.
Além do que o financiamento de campanha está proibido para pessoa jurídica e deixando para as pessoas físicas, com limite de 10% do declarado ano passado, o máximo de contribuição para um mesmo candidato.
Outras questões estão diretamente relacionadas às mudanças de partidos havidos durante o ano passado quando vários políticos, com mandato, aproveitaram a “janela” e se movimentaram entre partidos criando situações que agora prejudicam a eles mesmos.
As coligações previamente acertadas foram reavaliadas tomando como base informativa a possibilidade de renovação de mandato, mesmo assim, alguns descuidos foram definitivos e não estão dando condições para refazer e alguns partidos vêem mandatos sumindo pelo ralo e estão querendo segurá-los de qualquer maneira.
As eleições municipais para vereador e para prefeito são interligadas e uma influencia na outra, principalmente quando se estuda a possibilidade de renovação de mandatos.
Em Macapá, por exemplo, que conta com 23 vagas pra vereador, estima-se que próximo da metade não retornará e isso está fazendo com que vários vereadores estejam avaliando as coligações e, em alguns casos, já perceberam que estão na casa do sem jeito e, por isso, longe de reconquistar o eleitor.
Ainda mais quando se analisa tudo o que acontece em nível nacional, com afastamento da presidente da República, também do presidente da Câmara Federal e o tacão da Operação Lava Jato sobre a cabeça de importantes dirigentes partidários nacionais, redesenhando a divisão do poder político no Brasil.
Tudo começa na base e o Amapá, com um colégio eleitoral pequeno, pode ser considerado um laboratório importante para o eleitor, independente da vontade dos dirigentes partidários que poderão ter grandes surpresas.
O eleitor sabe que está com a palavra, mas precisa ter o domínio da situação para começar a consertar o que já fez e deu errado.

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