O UMBIGO E O PODER
Rodolfo Juarez
É
interessante como a manifestação da população através das urnas, votando e
escolhendo os seus representantes e dirigentes, estabelece um rumo para a
sociedade.
Depois
de uma disputa que deu oportunidade para que os candidatos se apresentassem e
apresentassem o seu respectivo programa ou proposta de atuação, para que a
imensa maioria da população participasse das discussões e escolhesse aquele que
entendia que melhor o representasse ou assumisse a responsabilidade pela gestão
dos tributos que rendem as receitas dos entes federados.
Depois
da eleição, o interesse demonstrado no período da campanha eleitoral, se não
desaparece, murcha completamente, deixando os eleitos livres para fazer o que
querem, pouco se interessando pelas decisões que tomam na seleção das pessoas
que vão administrar, no caso, os municípios ou propor as regras nas câmaras
municipais.
Esse
momento também deveria ser considerado importante pelo eleitor. Afinal de
contas foi ele que elegeu o dirigente e escolheu o representante na câmara
municipal. Deixa-los soltos, livres para fazer o que quiserem fazer, é
desprezar todo o cuidado que tiveram quando foi às urnas votar.
Da
parte dos eleitos, a impressão que deixam é de que o eleitor foi lá, cumpriu
uma obrigação e que agora não deve satisfação a nenhum deles, a não ser para
aqueles que estão ao alcance da vista ou são indicados por aliados.
Formar
equipes competentes é decisivo para este momento em que a nação brasileira vê
escancarada à sua frente, um rol de acontecimentos que demonstram a sujeira e a
deslealdade de dirigentes e representantes políticos com a Nação.
Não
basta para os prefeitos garantirem maioria na respectiva câmara municipal,
tocando favores, maximizando os duodécimos, ou ajustando os salários de
prefeitos e vice-prefeitos em concessões que não são republicanas e que não
estão no rol das atribuições que os eleitores lhes deram.
Não
podem os prefeitos, os vice-prefeitos e vereadores que assumem no primeiro dia
de janeiro imitar o comportamento daqueles que os antecederam nas respectivas
prefeituras e nas respectivas câmaras municipais. É importante lembrar que os
tempos são outros e que o sentido de governabilidade ganha outros contornos,
alem daqueles que se vinculavam ao poder e ao controle político.
Os
vereadores precisam lembrar que são os representantes do povo e, por isso, não
podem se considerar independentes para negociar o mandato em troca de ocupações
para apaninguados sem preparo e que sabem apenas levantar bandeiras durante a
campanha.
Ir ao
palácio do governo do Estado para discutir quem deve ser o presidente de uma
câmara municipal está na contramão do agente político comprometido com a
população e olhando apenas o umbigo e o poder.
Os
políticos precisam mudar de hábitos antes que os eleitores entendam que eles
não servem para representá-los ou dirigi-los.
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