Rodolfo Juarez
O vai e
vem do Natal é espetacular. As pessoas realmente acreditam que é um dia
diferente e fazem-no ser um dia diferente, não obstante as dificuldades de cada
um e a suficiente informação de que não está sendo conduzido, da forma como foi
imaginada, os interesses da população.
As
compras e, especialmente os presentes ganham importância, espaço e funcionam
como o grande desafio da capacidade de pagamento de cada pessoa ou de cada
família. Neste dia até mesmo os preços têm relevância relativa, deixam de ser o
desafio para ser um instrumento de comparação.
Para os
amapaenses o Natal, apesar de perder um pouco do seu sentido, acabou mostrando
um consumidor mais cauteloso, procurando ser consciente e construindo proteção
que lhe dê um mínimo de segurança nos dias que seguirão ao do Natal, desconfiando
de condições que possam demonstrar a sua alegria, mas diminuir a felicidade nos
dias e meses seguintes.
Mais
gente nas lojas, mais compras sendo fechadas e algumas dificuldades sendo
“plantadas” sob a forma de dívida para os meses seguintes sem a certeza de que
vai ter condições de pagar no prazo que acordou.
Precisando
renovar os estoques, uma vez que estoque velho é problema certo para o
comerciante, o consumidor aceita produtos não tão modernos e nem tanto úteis
por causa do preço, mesmo sabendo que o uso é efêmero ou que, como se trata de
um presente, vale a máxima de que “cavalo dado não se olha dos dentes”.
Logo
este ano de 2016 que nos fez o favor de colocar o Natal em um domingo, deixando
a semana toda como desafio à resistência do consumidor para dar o presente que
poderia deixar o destinatário feliz, nem que fosse por pouco tempo.
Além
disso, tem a culinária de época. Exatamente aquela que é a preferida da família
e que aproveita o período para fazer as receitas que já não usa por causa do
preço dos ingredientes ou dos temperos. Ver os membros da família falando alto
e abraçando-se entre si é o imponderável que não precisa de esforço para ser
justificado.
Também
as histórias de família, tantas e surpreendentes, que passa a ser uma
atualização do que aconteceu nos últimos meses, ou anos. Os bebês são
apresentados para os outros da família, que ficam encarregados de comparar se
parece com a mãe ou com o pai e, os maioreszinhos para saber se as preferências
já mudaram, se a voz já está grossa e para dar provas de que realmente cresceu
nos últimos meses ou anos.
“Amigo
oculto”, gritaria e troca de presentes não faltam nesse momento que antecede os
apertos dos primeiros meses do ano.
O valor
da subjetividade dos encontros não é computado como ganho ou custo para muitos,
entretanto é o que fica gravado na mente das pessoas: um abraço, um jeito que
vira jeitinho, uma benção de pai, tia, tio, padrinho entra para a lista
invisível da mente, garantindo que, mesmo na lembrança o diferente estará com
os dois, ou mais de dois que se confraternizaram.
O Natal
é um momento especial onde os distantes se aproximam e os próximos se unem para
fazer valer a verdadeira confraternização. Isolar-se não é bom, principalmente
durante a noite onde o clima de festa impregna a alma das pessoas e garante
lembranças que valem a pena viver.
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