quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A morte

Rodolfo Juarez
Desde o início da humanidade, somos alertados quanto a possibilidade de perder os pais, irmãos ou amigos para a morte e sempre nos falam que diante desse infortúnio, temos de ser fortes, pois não há nada que se possa fazer. É o irremediável.
Mas na verdade, nunca estamos preparados quando acontece. A morte é a única certeza que qualquer ser vivo tem. Quando ocorre a morte de filho, o impacto é ainda maior, pois não se perde um ente querido, mas, um pedaço de si mesmo, que se vai sem volta, é um pedaço da alma que se parte em milhares de pedaços e nem o tempo, com sua sabedoria milenar, parece capaz de juntar e colar tais retalhos.
Pelo outro lado o mundo não para, e o ciclo da vida continua, é preciso aos poucos juntar o que restou emendar, como puder e mesmo com as eternas feridas abertas, tentar seguir o caminho. 
Até nos registros bíblicos, a morte é relatada de acordo com o ciclo natural: nascer, crescer, procriar, para só então morrer. E se isso acontece fora dos padrões, o sofrimento é ainda maior, como se o ocorrido fosse fora de hora, inaceitável.
As perguntas martelam: se eu tivesse feito isso, se eu tivesse feito aquilo... Por que isso aconteceu?
A verdade é que o desespero diante do inesperado é ilimitado. O chão fugiu, a incredulidade se apresentou valente, desafiadora e nos colocava, a todos, contra as paredes que a vida não tem e que a morte constrói. É absolutamente sufocante, falta tudo, inclusive o ar para respirar!
Sei que o luto familiar nunca acaba, é para sempre, mas, como já foi dito antes, é preciso seguir em frente, reencontrar o eixo de apoio entre os membros familiares. É o momento que precisamos convocar a união, a solidariedade, o companheirismo e principalmente hora de se resgatar a fé. Sem fé em Deus, nada se consegue nesses momentos de angustia.
Seja qual for a forma de expressar essa fé, com certeza é a nossa aliada, apacentadora e guia. Tenho certeza de que esse luto não acabará jamais, só mudará de intensidade, deixando que as outras coisas retomem aos poucos, seu lugar.
Diante do infortúnio passamos por estado de choque, onde a mente se refugia em mecanismos de defesa e negação da realidade como se estivesse desconectada. A ficha custa a cair e vem a revolta com a autopunição, a procura de motivos concretos ou culpados pelo ocorrido.
E preciso, entretanto, reaprender a caminhar, a sorrir para o mundo.  A superação deve ser buscada diariamente, na força da fé e no interior da cada um dos envolvidos. É preciso viver um dia de cada vez, sem pressa, pois neste caso tempo é sábio e grande aliado. 
Chorar o que tiver para chorar sei faz bem, mas é preciso abrir o coração para o mundo e reaprender a sorrir. Principalmente pelos outros filhos, eles ainda precisam da gente.

Mas é difícil!

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