Rodolfo Juarez
O Amapá
perdeu, na semana passada, um dos seus mais ilustres filhos e a Medicina um dos
seus mais dedicados estudiosos.
A morte
de Antônio Pinheiro Teles, ou simplesmente Dr. Teles, consternou a população de
todo o Estado, enlutou a medicina brasileira e interrompeu uma dos mais
importantes canais do conhecimento pelo qual se internava no Amapá, a ciência
da medicina.
Reconhecido
como um grande estudioso, Dr. Teles era um sacerdote que tinha para seus
pacientes e os pacientes de seus colegas, sempre uma palavra de conforto
sustentada pelo espetacular conhecimento que tinha, transmitindo confiança dos
pacientes no que receitava e aceitando participar do tratamento na certeza de
que estava bem assistido.
Sua
dedicação aos assuntos gerais da Medicina tinha a mesma dimensão da dedicação
ao caso específico de um paciente, possibilitando a confiança das famílias e a
certeza na cura.
Mesmo
quando foi constituinte em 1991 e participou da elaboração da Constituição do
Estado do Amapá, sempre fez questão de fazer do mandato um instrumento para
fortalecimento das condições para que os pacientes, no Amapá, recebessem
tratamento ágil e humanizado.
O Dr.
Teles tinha perfeita noção das necessidades dos pacientes, entendendo que, às
vezes, uma única palavra é tão eficiente como uma poderosa droga, por isso
fazia questão de conversar com os pacientes e, durante a conversa, obter
preciosas informações como se fosse um especialista em relações humanas.
Depois
de dois mandatos de deputado estadual deixou, por sua vontade e - como dizia -,
necessidade de dar melhor atenção aos seus pacientes, as confortáveis poltronas
do Plenário da Casa de Leis e o gabinete que lhe fora ofertado, para dispor-se
aos plantões e à melhor aproximação com os pacientes e familiares desses
pacientes.
Funcionário
público federal mantinha-se em permanente plantão para atender dentro e fora
das casas de saúde. Bastava que alguém lhe indicasse a necessidade, que para lá
se dirigia com o mesmo interesse de quando ia para qualquer solenidade ou
qualquer sala de cirurgia.
Nas
salas de tratamento intensivo do pronto socorro ou dos sofisticados hospitais
tinha passagem livre e, fazia questão, acompanhava os pacientes orientando o
corpo de enfermagem e de colegas médicos, que o tratavam como referência
especial da Medicina no Estado do Amapá.
São
muitos os episódios dos quais foi protagonista em momentos de extrema
dificuldade para os pacientes e familiares, tomando decisões que seriam
reconhecidas como irretocáveis, mesmo de alta complexidade, mas que acabam
sendo apresentados pelo Dr. Teles como uma ação corriqueira e comum.
O Dr.
Teles morreu e seus exemplos ficaram para serem seguidos sem quaisquer ajustes.
Estão prontos para tornarem-se rotinas em um manual de ação da Medicina no
Amapá.
Sem
qualquer dúvida, os serviços que prestou para os pacientes renais da Unidade de
Nefrologia do Hospital de Clínicas Alberto Lima é um capítulo à parte.
Nem
mesmo as dificuldades para o tratamento renal no Amapá, onde não existe unidade
de transplante, diminuíam os acertos medicamentosos e procedimentais do Dr.
Teles, pois, ao que parecia, transmitia uma confiança extraordinária para
aqueles que, duas vezes por semana, têm que se submeter, durante quatro horas,
antes da diálise, à reposição da alta estima e da confiança, muitas vezes
perdidas pelo desespero, falta de recursos financeiros e técnicos, e força para
continuar o tratamento.
Dr.
Teles está em outro plano, mas os seus exemplos de humildade, dedicação,
conhecimento e humanidade continuarão conosco a espera que alguém possa
encontrar a forma de tê-lo como espelho.
Fará
muita falta a presença desse homem, cidadão especial e um médico que honrou a
Medicina, respeitou os pacientes e fortaleceu às famílias.
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