domingo, 8 de janeiro de 2017

Dr. Teles: cidadão, humanista e médico

Rodolfo Juarez
O Amapá perdeu, na semana passada, um dos seus mais ilustres filhos e a Medicina um dos seus mais dedicados estudiosos.
A morte de Antônio Pinheiro Teles, ou simplesmente Dr. Teles, consternou a população de todo o Estado, enlutou a medicina brasileira e interrompeu uma dos mais importantes canais do conhecimento pelo qual se internava no Amapá, a ciência da medicina.
Reconhecido como um grande estudioso, Dr. Teles era um sacerdote que tinha para seus pacientes e os pacientes de seus colegas, sempre uma palavra de conforto sustentada pelo espetacular conhecimento que tinha, transmitindo confiança dos pacientes no que receitava e aceitando participar do tratamento na certeza de que estava bem assistido.
Sua dedicação aos assuntos gerais da Medicina tinha a mesma dimensão da dedicação ao caso específico de um paciente, possibilitando a confiança das famílias e a certeza na cura.
Mesmo quando foi constituinte em 1991 e participou da elaboração da Constituição do Estado do Amapá, sempre fez questão de fazer do mandato um instrumento para fortalecimento das condições para que os pacientes, no Amapá, recebessem tratamento ágil e humanizado.
O Dr. Teles tinha perfeita noção das necessidades dos pacientes, entendendo que, às vezes, uma única palavra é tão eficiente como uma poderosa droga, por isso fazia questão de conversar com os pacientes e, durante a conversa, obter preciosas informações como se fosse um especialista em relações humanas.
Depois de dois mandatos de deputado estadual deixou, por sua vontade e - como dizia -, necessidade de dar melhor atenção aos seus pacientes, as confortáveis poltronas do Plenário da Casa de Leis e o gabinete que lhe fora ofertado, para dispor-se aos plantões e à melhor aproximação com os pacientes e familiares desses pacientes.
Funcionário público federal mantinha-se em permanente plantão para atender dentro e fora das casas de saúde. Bastava que alguém lhe indicasse a necessidade, que para lá se dirigia com o mesmo interesse de quando ia para qualquer solenidade ou qualquer sala de cirurgia.
Nas salas de tratamento intensivo do pronto socorro ou dos sofisticados hospitais tinha passagem livre e, fazia questão, acompanhava os pacientes orientando o corpo de enfermagem e de colegas médicos, que o tratavam como referência especial da Medicina no Estado do Amapá.
São muitos os episódios dos quais foi protagonista em momentos de extrema dificuldade para os pacientes e familiares, tomando decisões que seriam reconhecidas como irretocáveis, mesmo de alta complexidade, mas que acabam sendo apresentados pelo Dr. Teles como uma ação corriqueira e comum.
O Dr. Teles morreu e seus exemplos ficaram para serem seguidos sem quaisquer ajustes. Estão prontos para tornarem-se rotinas em um manual de ação da Medicina no Amapá.
Sem qualquer dúvida, os serviços que prestou para os pacientes renais da Unidade de Nefrologia do Hospital de Clínicas Alberto Lima é um capítulo à parte.
Nem mesmo as dificuldades para o tratamento renal no Amapá, onde não existe unidade de transplante, diminuíam os acertos medicamentosos e procedimentais do Dr. Teles, pois, ao que parecia, transmitia uma confiança extraordinária para aqueles que, duas vezes por semana, têm que se submeter, durante quatro horas, antes da diálise, à reposição da alta estima e da confiança, muitas vezes perdidas pelo desespero, falta de recursos financeiros e técnicos, e força para continuar o tratamento.
Dr. Teles está em outro plano, mas os seus exemplos de humildade, dedicação, conhecimento e humanidade continuarão conosco a espera que alguém possa encontrar a forma de tê-lo como espelho.

Fará muita falta a presença desse homem, cidadão especial e um médico que honrou a Medicina, respeitou os pacientes e fortaleceu às famílias. 

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