domingo, 12 de março de 2017

As águas de março

Rodolfo Juarez
As águas de março não podem surpreender nenhum agente público que tenha a incumbência de estar atento ao período das chuvas e dos “lançantes”.
Assim, a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros Militar, as instituições com possibilidade de apoio, além das unidades públicas que voltados para a área social precisam estar atentos e vigilantes para evitar transtornos para os potencialmente afetáveis.
As autoridades precisam estar em alerta. As previsões de eventos como chuva, nos dias de hoje têm o índice de acerto significativo e por isso pode, perfeitamente, servir de balizador para aqueles que têm a responsabilidade de se antecipar para evitar o aumento das dificuldades da população.
É sabido que a Defesa Civil além da responsabilidade pelo monitoramento tem a confiança da população no modo de agir e na eficiência do agir, muito embora ainda se surpreenda com os anúncios do número dos pontos de alagamento que, apesar de anotados não são priorizados pelos gestores para resolver a questão.
Além do aspecto do alagamento puro e simples também há o risco da coincidência com ventanias e, em consequência, o aumento da violência das ondas na agressão à parte da orla que já sofre com constantes problemas, alguns deles deixando de ser apenas uma questão das águas grandes, mas de pouco caso por parte de quem teria que resolver os problemas, que aumentam todos os anos e que estão diretamente relacionados às marés.
Não se pode ignorar que Macapá, Santana, Laranjal do Jari, entre outros núcleos urbanos do Estado, são amazônicos, construídos para atender aos hábitos dos amazônidas, entre eles, o de morar próximo da margem dos rios. Os motivos não são apenas culturais ou do costume, são também econômicos.
Além da anualidade do período das chuvas, há também os ciclos e um deles é o quadrienal onde o fenômeno da “maré grande” se repete com frequência anotada pelos que já tem maior experiência e que surpreende até os estudiosos do assunto.
A cidade de Macapá, como as cidades de Santana, Laranjal do Jarí e outras com as mesmas características, apesar de conhecer esse fenômeno da maré alta, não tem abrigos, não dispõe de ambientes para acolher aqueles que, eventualmente, precisam ser atendidos devido a uma questão que tem alta chance de ser previsível.
Este ano o que aconteceu na sede do município de Calçoene, no norte do Estado, e em outras comunidades do município que ficam, ou às margens do rio Calçoene ou na orla oceânica do município, pode funcionar como um alerta para todos, especialmente para aqueles que a sociedade já incumbiu da prevenção.
De nada adiantará fazer cara de surpresa quando for preciso enfrentar as consequências da “maré grande” porque, nesse momento, o que a população afetada vai precisar é de apoio. Então porque não se antecipar, fazendo uma simulação que proporcionaria listar as providências e a eliminar o fator surpresa.
Declarar depois que foi uma emergia, parece não ser razoável no momento onde a maioria dos elementos necessários já está levantada e catalogada, mas que precisa ser usado como instrumento que possa facilitar a ação das equipes.

Considerar as marés de março como um fenômeno previsível pode fazer parte do catálogo de providências, por exemplo, da Defesa Civil do Estado do Amapá e dos municípios, poderia fazer parte do prefácio da “cartilha”.

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