Rodolfo Juarez
Algumas
obras inacabadas, entre tantas outras, podem ser catalogadas como prova
concreta do descaso e do pouco caso como os governantes, e os outros agentes
públicos, interpretam o gasto do dinheiro, pago pelo contribuinte, sob a forma
de tributo, para que se pratique a gestão otimizada do dinheiro que abastecem
os orçamentos do Executivo e os órgãos oficiais de fiscalização e controle.
Apenas
a guisa de exemplo, vamos citar quatro obras desse catálogo que contém mais de
cem e que estão paradas pelos mais diversos motivos e tendo em seus históricos
as mais bizarras desculpas: Píer 2 do Santa Inês, Shopping Popular, Canal da
Mendonça Júnior e Estação de Passageiros do Aeroporto Internacional de Macapá.
O Píer 2 do Santa Inês.
Essa
obra decorre de um projeto que aparentemente não veio sustentado por uma
necessidade, ou pelo menos, com um objetivo descrito. O fim contemplativo ou
turístico que se imaginou nada tinha a ver com a realidade da área, com intenso
movimento de pequenas embarcações regionais, em uma área praticamente sem
calado para ancoragem ou atracação.
Havia a
promessa de um aporte, dinheiro de emenda parlamentar, de oito milhões de reais
e um projeto, completamente desconectado com a realidade local, feito por
encomenda para atender a um profissional sonhador, alienígena, e que conseguiu
dar importância apenas ao desenho, ignorando o ambiente, e não respeitando as
peculiaridades do rio Amazonas. Mesmo assim, foi o primeiro ato contratual do
governo que começava em 2011.
A obra
está abandonada, sem qualquer estudo, com recursos gastos inclusive do Tesouro
do Estado e que precisa de uma definição.
Shopping Popular.
A invenção
foi do prefeito da época. Em 2009 as calçadas, como agora, estavam tomadas
pelos ambulantes e o prefeito de então, como promessa de campanha feita aos
empresários, tinha como meta retirar os ambulantes e colocar em um lugar que
considerava apropriado. Escolheu o tal local apropriado o endereço da feira da Henrique
Galúcio, que estava em boas condições para feira.
Veio a
promessa o Shopping Popular e uma “caça” aos ambulantes, inclusive com
confrontos com a fiscalização municipal. O resultado foi a colocação de um
camelódromo em plena Avenida Antonio Coelho de Carvalho. Promessa 6 meses. Está
por lá até agora. Do Shopping Popular apenas ferros expostos ao tempo,
feirantes na cerca, população mal servida e dinheiro posto fora. Obras sem
definição.
Canal da Mendonça Júnior
Essa
obra é a mais enigmática. Havia uma obra concluída, funcionando, com as vias
marginais asfaltadas, mureta de proteção, arborização, calçada de proteção e
boa aparência urbana. Outra vez aparece uma emenda parlamentar. Outra vez uma
empresa apresenta para a população uma maquete eletrônica justificando a
reforma na obra do canal. O contrato foi assinado, a obra iniciada pela
destruição: de ponta a ponta, todas as árvores foram retiradas, as muretas
derrubadas e foi só. Há 10 anos a situação do local ficou pior e continua
piorando. Obra sem qualquer comentário nos planos do Governo Estado,
responsável pela destruição do que estava feito.
Estação de Passageiro do Aeroporto
Internacional de Macapá
Essa é
uma obra de responsabilidade da Infraero. Há quase 10 anos parada. Transformou
um sonho em pesadelo e tem sido palco para muitos palanques para figuras
políticas se manifestarem afirmando que está resolvida a questão, mas que, em
verdade, serve apenas para iludir a população usuária que convive com um esqueleto
de estação de passageiros, servindo de desculpas para os gatos que são feito,
ditos de forma emergencial, com puxadinhos na antiga estação.
Lá
alguns políticos já contaram muitas lorotas. E foram políticos importantes e
todos ajustam na parte do esquecimento do cérebro e, por isso, não animam mais
quem quer que seja.
São
quatro obras, quatro obras esquecidas, que servem de túmulo para uma
considerável soma do dinheiro do erário, oriundo do sacrifício da população
local que precisa continuar acreditando em alguma coisa para continuar tendo
esperança.
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