domingo, 2 de julho de 2017

Quatro obras inacabadas e esquecidas no Amapá

Rodolfo Juarez
Algumas obras inacabadas, entre tantas outras, podem ser catalogadas como prova concreta do descaso e do pouco caso como os governantes, e os outros agentes públicos, interpretam o gasto do dinheiro, pago pelo contribuinte, sob a forma de tributo, para que se pratique a gestão otimizada do dinheiro que abastecem os orçamentos do Executivo e os órgãos oficiais de fiscalização e controle.
Apenas a guisa de exemplo, vamos citar quatro obras desse catálogo que contém mais de cem e que estão paradas pelos mais diversos motivos e tendo em seus históricos as mais bizarras desculpas: Píer 2 do Santa Inês, Shopping Popular, Canal da Mendonça Júnior e Estação de Passageiros do Aeroporto Internacional de Macapá.
O Píer 2 do Santa Inês.
Essa obra decorre de um projeto que aparentemente não veio sustentado por uma necessidade, ou pelo menos, com um objetivo descrito. O fim contemplativo ou turístico que se imaginou nada tinha a ver com a realidade da área, com intenso movimento de pequenas embarcações regionais, em uma área praticamente sem calado para ancoragem ou atracação.
Havia a promessa de um aporte, dinheiro de emenda parlamentar, de oito milhões de reais e um projeto, completamente desconectado com a realidade local, feito por encomenda para atender a um profissional sonhador, alienígena, e que conseguiu dar importância apenas ao desenho, ignorando o ambiente, e não respeitando as peculiaridades do rio Amazonas. Mesmo assim, foi o primeiro ato contratual do governo que começava em 2011.
A obra está abandonada, sem qualquer estudo, com recursos gastos inclusive do Tesouro do Estado e que precisa de uma definição.
Shopping Popular.
A invenção foi do prefeito da época. Em 2009 as calçadas, como agora, estavam tomadas pelos ambulantes e o prefeito de então, como promessa de campanha feita aos empresários, tinha como meta retirar os ambulantes e colocar em um lugar que considerava apropriado. Escolheu o tal local apropriado o endereço da feira da Henrique Galúcio, que estava em boas condições para feira.
Veio a promessa o Shopping Popular e uma “caça” aos ambulantes, inclusive com confrontos com a fiscalização municipal. O resultado foi a colocação de um camelódromo em plena Avenida Antonio Coelho de Carvalho. Promessa 6 meses. Está por lá até agora. Do Shopping Popular apenas ferros expostos ao tempo, feirantes na cerca, população mal servida e dinheiro posto fora. Obras sem definição.
Canal da Mendonça Júnior
Essa obra é a mais enigmática. Havia uma obra concluída, funcionando, com as vias marginais asfaltadas, mureta de proteção, arborização, calçada de proteção e boa aparência urbana. Outra vez aparece uma emenda parlamentar. Outra vez uma empresa apresenta para a população uma maquete eletrônica justificando a reforma na obra do canal. O contrato foi assinado, a obra iniciada pela destruição: de ponta a ponta, todas as árvores foram retiradas, as muretas derrubadas e foi só. Há 10 anos a situação do local ficou pior e continua piorando. Obra sem qualquer comentário nos planos do Governo Estado, responsável pela destruição do que estava feito.
Estação de Passageiro do Aeroporto Internacional de Macapá
Essa é uma obra de responsabilidade da Infraero. Há quase 10 anos parada. Transformou um sonho em pesadelo e tem sido palco para muitos palanques para figuras políticas se manifestarem afirmando que está resolvida a questão, mas que, em verdade, serve apenas para iludir a população usuária que convive com um esqueleto de estação de passageiros, servindo de desculpas para os gatos que são feito, ditos de forma emergencial, com puxadinhos na antiga estação.
Lá alguns políticos já contaram muitas lorotas. E foram políticos importantes e todos ajustam na parte do esquecimento do cérebro e, por isso, não animam mais quem quer que seja.

São quatro obras, quatro obras esquecidas, que servem de túmulo para uma considerável soma do dinheiro do erário, oriundo do sacrifício da população local que precisa continuar acreditando em alguma coisa para continuar tendo esperança. 

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