quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Companheiro de sonhos e lutas

Rodolfo Juarez
Hoje pretendo prestar uma homenagem a um bom companheiro de sonhos e lutas que compreendeu a necessidade e participou de todas as etapas do projeto que tinha o objetivo de desenvolver o então distrito de Santana, município de Macapá, isso nos idos de 1984 e 1985.
Com a incumbência de preparar o distrito para se transformar em mais um município do Amapá, sem deixar de considerar o que a população do local tinha como expectativa e pretendia com a emancipação que precisava ser construída, recebemos a incumbência do prefeito de Macapá, o engenheiro Murilo Pinheiro, e do governador do então Território Federal do Amapá, Annibal Barcellos.
A natural desconfiança, principalmente para a população de Santana, que via todos os seus objetivos apontando para a Capital, e que precisa entender as vantagens socioeconômicas que o projeto anunciava para a nova unidade administrativa que também se preparava para integrar o novo estado que sairia da Constituinte que elaborou e aprovou a Constituição Federal de 1988 e que trouxe a transformação do Território Federal do Amapá em Estado do Amapá.
Vicente Marques formou com Haroldo Oliveira, Vicente Ayala, Miguel Duarte e eu, a equipe que comandava as ações estratégicas de preparação do então distrito de Santana em município de Santana.
A comunidade, através dos seus representantes, presidentes de associação de moradores e de outras organizações civis participou de todo o processo e isso se deveu muito ao empenho e o conhecimento de Vicente Marques, filho de um dos mestres mais respeitados da área portuária de Santana, um exímio construtor de embarcações regionais, no puro talento intuitivo, o Mestre Ambrósio, como era conhecido em toda a região.
Santana, naqueles anos (1984 e primeira metade de 1985), era uma cidade dividida em duas vilas principais (Vila Amazonas e Vila Maia) e outras mais periféricas como Vila Kutaca (não sei até agora a origem do nome).
Do trabalho de convencimento participou o jovem de 28 anos, Vicente Marques, que tinha o respaldo da família Ambrósio para falar diretamente com a população, além do carisma pessoal que desenvolvia dentro do grupo, conquistando a confiança de todos e com os representantes comunitários, sendo o porta-voz das intenções da subprefeitura de Santana.
Os bairros foram definidos com a participação destacada dele e do técnico em edificações e com conhecimento do sistema urbano, Miguel Duarte, que riscou o mapa-base do que viria a ser a sede do município de Santana, hoje, 30 anos depois, com 100 mil habitantes.
Com os demais companheiros de grupo foi decisivo na escolha dos nomes dos bairros da cidade de Santana, que reservou o nome de Bairro do Ambrósio onde se localizava o estaleiro do seu pai, Mestre Ambrósio.
O tempo passou e por cinco vezes, ao final de uma eleição, vibrou com a conquista de um mandato, todos eles exercidos com mesma dedicação. Agora mesmo, com o agravamento da enfermidade que o levou ao túmulo, Vicente Marques conseguia, com seu equilíbrio, experiência e história, conquistas importantes para o município.
De lá, de onde estiver certamente continua querendo o melhor para Santana, o local que sempre defendeu e que deixou uma legião de amigos e uma história para ser contada e reconhecida.
Vicente Marques partiu aos 60 anos, mas com a certeza do dever bem cumprido e que agora terá o reconhecimento, não só pela falta que fará, mas pelas lições que deixou para todos os da sua família e da cidade que sempre amou.
Chegou a hora de descansar. Então, que descanse em paz!

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