quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O que quer a população da área da RENCA

Rodolfo Juarez
Depois de uma semana em que todos tiveram oportunidade de expor o que pensam como alternativa para o desenvolvimento do Estado do Amapá, eis que duvidas foram retiradas enquanto outras revelaram a necessidade mediática que têm algumas personagens de alimentar o seu individualismo e o seu ego.
As voltas e viravoltas experimentadas ou praticadas pelas autoridades brasileiras, no caso da extinção da Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), localizada parte no Estado do Pará e parte no Estado do Amapá, revelaram o que alguns representantes, detentores de mandato, interpretam o que deve ou não deve ser defendido em nome do Amapá.
Independentemente dos movimentos, das decisões judiciais ou da opinião de figuras internacionais, nacionais ou locais, a Reserva Nacional de Cobre e seus Associados será aberta, pois está evidente desde os decretos que foram anteriormente revogados, que os minerais que se encontram nas áreas exploráveis estão na pauta que evita o desabastecimento dos recursos minerais do país, que precisa do ouro, da platina, cobre, ferro manganês e níquel.
A parte da Reserva que está no Estado do Amapá consta dos territórios dos municípios de Laranjal do Jari, Mazagão, Porto Grande e Pedra Branca e, a prazo razoável, não se oberva outro modo de desenvolvimento para aqueles municípios, que vivem fundamentalmente das transferências constitucionais, como de resto o Estado do Amapá, e que agora podem sonhar com dias melhores para os habitantes do deste Estado que precisa encontrar um modo de desenvolvimento.
Mesmo com essas evidências, políticos com mandato preferiram aderir a outros projetos, pensados e elaborados fora do Brasil, ou que constam dos sonhos de artistas, alguns deles que cobram fortunas para apresentar a sua arte no Amapá e que, neste momento, receberam o afago e afagaram deslumbradas autoridades que preferiram escolher o lado errado, o lado do discurso inconsequente e que acredita que conservar como está, basta para atender os interesses dos países doutros continentes.
O que o senador Randolfe Rodrigues (Rede) fez durante os últimos dias foi, na prática, assumir um lado – o dos artistas, dos que vêm a Amazônia de longe e muito longe, e de seus partidários ideológicos que nunca levantaram uma “palha” pelo povo do Estado do Amapá.
A população dos municípios de Laranjal do Jari, Mazagão, Porto Grande e Pedra Branca experimentam tantas dificuldades, que deverão responsabilizar o senador pela forma como se colocou contra os interesses daquelas comunidades.
Não há desculpa. Não dá mais para comparar o tempo em que a ICOMI explorou o manganês da Serra do Navio com o de agora. Naquele tempo, principalmente no tempo da assinatura do contrato, as autoridades desconheciam a realidade do local. Agora não. Todas as autoridades do setor têm obrigação de saber a situação e, em detalhes, para interpretar a realidade.
Os órgãos de fiscalização, que têm a responsabilidade de fazer cumprir as regras de exploração na floresta, não podem alegar que não têm condições. Ora, senão têm as condições necessárias, que ajam no sentido de dotar as repartições que tomam conta e pela qual é regiamente pago pelo contribuinte, para que exerça uma fiscalização de excelência, fazendo valer o seu poder de polícia.
Foi impressionante também, a ausência dos representantes do Governo Estadual no debate sobre o tema. Ficar calado, ainda é pior do que aqueles que ignoram os interesses dos habitantes da Amazônia e preferem defender a teoria daqueles que, apenas de longe, defendem a Amazônia como “pulmão do mundo”.

Os habitantes da área de influência direta não têm dúvida sobre a oportunidade da extinção da Reserva e sabem da chance que isso representa. Entendo que querem ouvir as justificativas do senador Randolfe Rodrigues lá, no dia em que ele for conhecer a área. Estão supondo que o movimento se concentra em Macapá devido a possibilidade de exercitar os requisitos midiáticos que tanto gosta.

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