domingo, 20 de agosto de 2017

O juízo dos políticos

Rodolfo Juarez
A semana que passou deixou registrado o nível de indecisão a que estão submetidos os deputados federais quando o assunto é a reforma eleitoral ou, mais praticamente, as eleições de 2018.
Com a proibição, por motivos óbvios, das empresas fazerem doações para partidos ou candidatos financiarem as milionárias campanhas eleitorais, os que estão exercendo o mando enxergaram no orçamento público, que tem a maior parte das receitas oriunda dos contribuintes, o ambiente onde poderiam lançar mão para que tenham chance de continuar com a ordem de representar o povo.
Claro que é um absurdo. Pelo menos para os que entendem que o dinheiro dos tributos é para ser revertido em melhorias da qualidade de vida de toda a população e não de qualquer parte dela, por mais privilegiada que seja.
A reação da população foi de indignação devido a história que ainda está sendo contada pelas operações policias que se sucedem em todo o Brasil e que tem, em regra, como alvo políticos, laranjas de políticos, amigos de políticos, operadores de políticos e empresários que compram procedimentos reservados aos políticos.
Os políticos que estão fora dessa matriz utilizam essa sua atual posição e colocam-se na linha de frente do combate, escolhendo como alvo principal os seus próprios pares, casualmente adversários em suas respectivas bases eleitorais.
De fora a população acompanha todos os movimentos e esboça reação quando observa que estão, aqueles contendores, querendo abocanhar, do pouco que ainda resta, somas bilionárias para que tenham chances de gastar o que não é seu, para manter o status conseguido quando não havia limites para gastar, desde que tivesse um padrinho eleitoral forte.
A população reagiu contra a proposta de financiar a campanha eleitoral de 2018 com dinheiro do orçamento público e no total de três bilhões e seiscentos milhões de reais. Irreal para o contribuinte e absolutamente razoável para os membros da comissão especial de deputados federais que foram indicados pelos partidos.
A derrama havida na eleição de 2014, e noutras pretéritas, ainda está sendo dimensionada, pois, até agora, a cada dia se anuncia que a campanha deste ou daquele parlamentar ou ex-parlamentar foi financiado com dinheiro “sujo”, nome que se tornou sinônimo de propina, caixa 2, ou desvio.
Até o ex-presidente Lula chegou a afirmar que a democracia tem um custo e que o custo apresentado pelo seu aliado, presidente da comissão da reforma eleitoral na Câmara dos Deputados é razoável.
A “perola” veio com justificativas: “não precisaria colocar a dotação no Orçamento da União, uma vez que bastaria uma autorização legislativa para que a previsão para as emendas impositivas virassem fundo de campanha”.
Uma proposta que além de indecente, contraria os interesses da população que mais precisa de uma quadra, de uma creche, de uma rua, de uma ponte, de um trapiche ou simplesmente de carteiras para sala de aula.
O presidente da Câmara Federal deu o final de semana para que os deputados raciocinem, pense, pelo menos por um momento, nos interesses da população.

A Democracia é nosso grande trunfo e é uma conquista e não uma “coisa” para ser custeada.

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