domingo, 12 de novembro de 2017

O Sistema de transporte fluvial no Estado do Amapá

Rodolfo Juarez
Recentemente detalhamos a situação atual do sistema de transporte terrestre no Estado do Amapá, destacando as rodovias federais e estaduais, além de lamentar a desistência dos municípios de cuidar de suas rodovias municipais, principalmente aquelas que servem aos projetos de indução para o desenvolvimento local.
Imediatamente os leitores opinaram e emendaram a atenção por mim expressa, destacando que situação pior experimenta o sistema de transporte fluvial, preferido dos mais necessitados economicamente e que estão largados e sujeitos ao humor dos proprietários de embarcação e às intempéries, enfrentando problemas sem fórmulas de solução, e situações absolutamente vexatórias durante a espera do embarque e quando do embarque.
Sem definição de rotas, por isso sem apoio durante todo o percurso, as unidades de navegação fluvial fazem aquele percurso na experiência dos seus práticos que, entretanto não têm tempo para se preocupar com os imprevistos e, até, com o sistema de abastecimento dos motores.
Os rios por onde navegam e as baias que têm que atravessar não têm qualquer referência e os prumos e o movimento das marés são os indicadores utilizados pelos “pilotos” que, vez em quando, são surpreendidos por um “banco de areia” ou por uma ventania mais forte, colocando em risco os passageiros e a tripulação.
É inegável que a viagem se confunde com um passeio devido o aspecto bucólico do ambiente, especialmente dos rios e das águas; mas são inegáveis os riscos das travessias, onde tudo depende da sorte e, naturalmente, da intuição do prático que está no leme da embarcação.
Quando chega ou quando sai, o passageiro e todas as demais pessoas que estão na embarcação enfrentam o desafio do desembarque ou do embarque, sempre feitos em condições precárias, às vezes sobre “pranchas” de pouco mais de 50 centímetros de largura, e não raro feitas de duas tábuas tão flexíveis como arcos e que exigem malabarismo do passageiro para poder caminhar sobre ela.
Em todo o Estado do Amapá não tem um terminal para que o passageiro se proteja do sol escaldante do Equador, ou da chuva torrencial que ocorre durante metade de um ano de forma seguida.
A bagagem acompanhada é um problema. Não existe despacho. Não tem lugar para ser colocada, em segurança, na embarcação. A prática é ficar debaixo da rede onde o passageiro, depois de muito procurar, consegue atá-la.
Horário de chegada e saída ninguém sabe. Principalmente de chegada. E não tem para quem reclamar.
As instalações sanitárias, tanto durante o período de espera, quanto durante a vigem, em regra, são precaríssimas e lançadas ao rio sem qualquer pré-tratamento, desafiando toda a educação ambiental que o passageiro recebeu de forma organizada ou aprendeu no dia-a-dia.
As condições de estacionamento, acesso, horário, terminal, iluminação, segurança, entre outros, existentes na organização do transporte terrestre não se comunicam com as necessidades do sistema de transporte fluvial.
Os acidentes se repetem, os passageiros e tripulantes morrem e o que fica é a lamentação das autoridades que conseguem esquecer um setor tão importante para a população que prefere o transporte fluvial, às vezes por ser o único que atende aos seus interesses e, noutros casos entende que é o único que está ao seu alcance.
O sistema de transporte fluvial precisa de regras para serem obedecidas e de gestores que se interessem em ter os seus problemas resolvidos.

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