segunda-feira, 12 de março de 2018

No Amapá: a solução não vem com a saída do secretário de segurança


Rodolfo Juarez
As publicações especializadas estão, desde 2014, colocando o Estado do Amapá entre os mais violentos do país e Macapá como uma das capitais mais violentas do mundo.
Em 2017 a publicação do Anuário da Segurança coloca números que certamente deixaram todo o sistema de segurança do Estado precisando dar explicações e, imediatamente começar a modificar a estratégia até agora utilizada que, definitivamente, não está dando certo.
O atual secretário de segurança do Governo do Estado, o delegado Ericláudio Alencar, não pode sozinho ser responsabilizado por todos os problemas. Antes, muito antes de ele assumir o cargo já havia um histórico que precisava de narrativas novas, que dependia de amparos que viriam, como prometido, da União e do próprio Estado.
Logo depois de assumir o cargo de Secretário de Estado da Segurança passou a completar o conhecimento que já tinha da segurança pública do Estado, desde quando delegado e depois, como deputado estadual. Tanto que apresentou em 26 de fevereiro de 2017, o que chamou de “PROJETO DE CONSTRUÇÃO DO SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA QUE IRÃO MIGRAR DA FONTE DE RECURSOS DO BNDES PARA A FONTE DE RECURSOS FEDERAIS (EMENDAS DE BANDACA 100 milhões)”.
Do projeto contavam a construção de 3 (três) quartéis para o Corpo de Bombeiro Militar do Amapá; 6 (seis) quartéis para a Polícia Militar do Amapá; 4 (quatro) Ciosps e 4 (quatro) delegacias para a Polícia Civil; 1 (uma) nova sede para a SEJUSP; 1 (um) píer integrado dos órgãos de segurança pública, na Fazendinha; e 1 (uma) politec em Santana.
Na planilha apresentada havia projetos de engenharia concluídos, concluídos e em fase de impressão, e três apenas em fase de conclusão. A projeção era que todas as obras estivessem prontas até meados de 2018.
Perfeito para o deputado que abria mão do seu mandato para atuar como gestor na administração do PDT partido que escolhera para defender, deixando aquele partido que lhe tinha dado o quociente para chegar ao cargo de deputado estadual.
Com essa infraestrutura e mais o aumento de contingente da Polícia Militar, da Politec, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiro, e o fortalecimento do sistema de monitoramento e inteligência para a segurança pública, os índices de todo o sistema melhorariam e a reeleição estaria garantida para o secretário e para os aliados.
Nada aconteceu como o planejado.
Os recursos não forma garantidos e as obras, pelo menos uma das 20 (vinte), sequer foi iniciada. Pior, os índices da violência cresceram e a sensação de insegurança, por parte da população, aumentou a níveis jamais experimentados.
Seria muito simples colocar a culpa no secretário Ericláudio Alencar, como, aliás, alguns dos seus companheiros de gestão no Estado sugerem, entretanto, pelo que se observa a questão é muito mais ampla. Ressalte-se que houve problemas até com propriedade dos terrenos onde seriam construídas as obras que abrigariam quartéis, ciospes, delegacias, etc.,
Mesmo assim é preciso agir. As últimas mortes violentas aumentam, ainda mais, a sensação de insegurança da população e, substituir agora o secretário, pelos resultados prometidos e não alcançados, seria uma injustiça com o próprio secretário e, se mantida a situação, sem qualquer resultado que venha alterar as dificuldades que o sistema está atravessando.
A segurança pública no Amapá é o suporte do cidadão e o contribuinte espera que o tributo que paga seja bem utilizado para que dê resposta diferente da que está recebendo.

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