segunda-feira, 26 de março de 2018

Afinal, o que o Governo do Amapá quer para a orla de Macapá?


Rodolfo Juarez
A administração pública não está dimensionando corretamente o que vem acontecendo, de modo progressivo e constante, na orla da cidade de Macapá.
Sem cuidados com a manutenção da parte construída do muro de arrimo e sem investimento na complementação da construção do muro, o rio responde fortemente e sem qualquer complacência, avançando sobre a cidade e causando prejuízos aos moradores das proximidades ou mesmo das partes alcançadas pelo rio.
A Administração Pública da a impressão que não tem qualquer plano para resolver o problema e, se tem, não está na lista de prioridades uma vez que, apesar dos anúncios, a parte do muro de arrimo que fica às proximidades do Araxá, uma das áreas mais em risco, há mais de 4 anos, vem tendo as obras adiadas.
Por definição, Defesa Civil é o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e reconstrutivas destinadas a evitar ou minimizar os desastres naturais e os incidentes tecnológicos, além de preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social.
A Defesa Civil no Amapá, constituída em sua imensa maioria por funcionários públicos, tem repetido visitas de reconhecimento do problema, principalmente na área do Araxá, em Macapá, e chegando a anunciar este ano que pelo menos 150 habitações estão em risco iminente de desabar e que os moradores terão que procurar outro lugar para morar.
Não considera a outra parte da definição que é “preservar a moral da população e restabelecer a normalidade”. Preferem os coordenadores ou os que falam pelas células da Defesa Civil deixar os moradores mais sobressaltados, sem qualquer indicativo de elementos que possa “preservar a moral da população”.
Óbvio que essa preservação refere-se à satisfação e não ao desespero ou a incerteza permanente.
Os investimentos precisavam estar em uma escala de prioridade, ocupar pontos fáceis de ser identificado em um planejamento, entretanto, o que se vê repetidas vezes é a ausência dessas prioridades.
A construção de muro de arrimo, além do projeto e do profissional responsável, necessita de uma logística onde estejam permanentemente presentes a decisão de fazer e o compromisso em fazer, exatamente as duas atitudes que tem faltado para aqueles que deveriam ser interessados pelo trabalho.
As providências a serem tomadas dependem, também, da percepção do risco por parte dos a ele expostos. Uma defesa ou proteção civil eficiente baseia-se na integração de planos de emergência, com envolvimento de agentes governamentais e não governamentais a todos os níveis.
A eficiência das ações tem passado longe da integração de planos de emergência. Deixa a impressão que não existe qualquer plano que priorize a permanência dos moradores naquele local. Dá a impressão que as autoridades querem mesmo ver a população diretamente afetada “pelas costas”. Dizem apenas que as pessoas estão em risco, deixando a impressão que complementam, intimamente, com a expressão: “e que se virem”.
Defini-se também a Defesa Civil como o conjunto de medidas permanentes que visam evitar, prevenir ou minimizar as consequências dos eventos desastrosos e a socorrer e assistir as populações atingidas, preservando seu moral, limitando os riscos de perdas materiais e restabelecendo o bem-estar social.
No caso de Macapá a situação é outra: não há a preservação da moral, não há limite dos riscos de perdas sem qualquer projeto para restabelecer o bem-estar social.
Por aqui, além da necessidade de mudar o conceito empregado para definir o modo preventivo da ação da Defesa Civil, também é preciso que haja um plano que contenha projetos que permeiem a necessidades das populações diretamente afetadas e dê condições para que a Defesa Civil possa agir, doutra forma é deixar que o morador da área afetada perdesse o seu patrimônio e a população testemunhe o desaparecimento de um dos seus mais belos pontos, levado pela força das águas e dos ventos.

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