Rodolfo Juarez
Nesse
tempo de política, ou melhor, de indecisão ou enrolação na política, as
autoridades da Justiça Eleitoral do Amapá e do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) precisam encontrar uma explicação convincente para que o eleitor não
entre numa fase de desilusão ou de desimportância do seu papel no processo de
escolha dos seus representantes ou dos administradores dos seus interesses.
O episódio
que implicou na modificação de parte do processo eleitoral, com a suspensão do
horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, por ordem de um ministro do
TSE, abalou o ânimo e o interesse do eleitor que está com a responsabilidade de
escolher, em segundo turno de votação, quem vai governar o Estado do Amapá a
partir do dia 1.º de janeiro de 2019.
Claro
que isso é um assunto muito importante e nenhum político, ou qualquer das
autoridades da organização da eleição, tem motivo que possa justificar estrago
feito no ânimo do eleitor que é obrigado a votar e que já viu parte dos votos
jogados no lixo, como anulados e que está na expectativa para saber quais das
centenas de milhares de votos terão o mesmo destino.
Quais
os votos que vão valer?
Os
119.500 dados ao candidato João Capiberibe da coligação “Com o Povo pra
Avançar”, PSB/PT, ou os 94.278 dados para o candidato Davi Alcolumbre da
coligação “Trabalho e União pelo Amapá”, DEM/REDE e mais 9 partidos?
Quaisquer
dos dois montantes de votos foram dados, de boa-fé, por eleitores habilitados
que foram às suas respectivas seções eleitorais aprovar uma proposta e sem
qualquer risco de ter suas escolhas jogadas no lixo ou ignoradas por quem quer
que seja.
As
pesquisas eleitorais, registradas no Tribunal Regional Eleitoral do Amapá e em
conformidade com a legislação vigente e obediente à metodologia prevista na
Resolução do TSE, quando questionando esses mesmos eleitores, receberam
resposta que indicam a possibilidade de vitória, em segundo turno de votação,
do candidato que enfrentar o atual governador.
É mais
um ingrediente que intriga!
O
assunto não deve e não pode ser tratado apenas como uma displicência ou
irresponsabilidade de um partido político, precisa ser colocado como parte
integrante do processo e comprovado de que não houve favorecimento a quaisquer
dos candidatos ao cargo de governador do Amapá.
A
situação precisa ser muito bem conduzida para que o resultado não respingue
manchas sobre que nada tem a ver com os acontecimentos que levaram a esta
situação.
Mesmo
com alegação de que as coligações concorrentes sabiam das suas
responsabilidades e que, cada uma tinha um representante exatamente para
resolver este assunto, era papel dos organizadores da eleição destacarem os
pontos frágeis do processo, mesmo que implicasse em perda do tempo de TV e
rádio.
O
assunto está entregue à interpretação dos ministros do Tribunal Superior
Eleitoral, que estarão analisando aspectos legais, pouco se atendo aos fatos,
exatamente aqueles que levaram ao problema e ao impasse.
É
preciso pensar na segurança jurídica da decisão. É indispensável que se avalie
todas as possibilidades.
O
assunto é complexo e transcende à eleição, abalando todo o processo que tem no
Amapá, faz tempo, um laboratório de experiências, desde quando aqui foi
escolhido para a realização do cadastro biométrico do eleitor.
O
assunto é muito sério e requer cuidados especiais.
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