terça-feira, 13 de maio de 2025

Retrato vivo de uma reaalidade que precisa mudar

Rodolfo Juarez

Durante toda a semana que passou, de 4 a 11 de maio, estive em Belém do Pará realizando exame complementares e de atualização necessária, no Hospital Ophir Loyola e na Fundação Hemopa, objetivando manter atualizados os procedimentos médicos para continuar ativo na lista única do SUS para receber o rim de doador morto.

Desde novembro de 2024, quando fui habilitado na fila de transplante, é decisivo estar atento a todas as necessidades orgânicas que me permitem, na qualidade de paciente, estar ativo na lista única e ficar na espera do telefonema da equipe médica PA - HOL - José Ricardo Tuma da Pon, chamando para apresentar-me no Hospital Ophir Loyola e à equipe médica para o momento esperado – o do transplante do rim.

O Estado do Pará tem instalado e funcionando, cinco locais para transplante, sendo três em Belém, um na sede do município de Redenção e um na sede do município de Santarém. Estou listado para um dos locais sediados em Belém, no Hospital Ophir Loyola.

Controlar a ansiedade é um das principais necessidades que o paciente precisa se preparar para enfrentar. Para tanto é importante contar com a assistência de psicólogo, de nutricionista e de assistente social.

Também é indispensável a disponibilidade de uma cadeira de hemodiálise na localidade para onde o paciente renal crônico se desloca. Sem dispor da cadeira de hemodiálise o paciente não pode viajar, mesmo estando com consulta marcadas, local definido para ficar, dinheiro para pagar hospedagem, transporte e alimentação.

São repetidas as negativas de cadeira por parte das clínicas de hemodiálise em outros estado. Uma simples consulta ao setor social de uma das clínicas de hemodiálise em Macapá, se pode constatar essa realidade.

O paciente renal crônico não pode deixar de fazer hemodiálise pelo menos três vezes por semana e, em regra, quatro horas por vez. Por essas circunstâncias e com essa exigência orgânica, o paciente renal crônico, residente no Amapá, acaba por não tendo tempo e morre.

A Constituição, em seu Artigo 5º, caput, garante a todos os brasileiros inviolabilidade do direito à vida e à igualdade. Direito que ao pacientes renais crônicos do Amapá não é assegurado.

Mais uma vez registre-se que o sistema de saúde do Governo do Estado do Amapá é um dos poucos, em todo o Brasil, que não consegue desenvolver dois importantes programas do sistema de saúde, muito embora, ambos financiados pelo SUS: o Programa de Transplante de Órgãos e, em consequência, o Programa de Doação de Órgãos. Esse procedimento fere os direitos humanos de todo o grupo de pessoas brasileiros que convivem com a necessidade de um transplante.

Amanhã, dia 14 de maio, está programada uma audiência pública na Câmara Municipal de Macapá, quando o assunto será pontuado, em seus primeiros detalhes, no sentido de motivar os dirigentes do Município de Macapá e, assim, enxergar os pacientes renais crônicos que estão na Capital enfrentando grandes dificuldades, alguns vindos do interior, não tendo onde ficar ou ficando em condições de extrema dificuldades, desmotivando-o completamente e acelerando, involuntariamente, o processo de desenlace da própria vida.

Essa cenário, que precisa mudar, ainda resiste. Muito mais pela omissão do sistema de saúde local do que pela falta de condições, técnica ou financeira, do próprio sistema de saúde do Governo do Estado, trazendo o sofrimento ao paciente renal crônico em hemodiálise e de suas familiares.

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