terça-feira, 28 de setembro de 2021

A terceira dose

Rodolfo Juarez

No sábado passado, dia 25 de setembro, tomei a terceira dose da vacina com a esperança de ficar imunizado e poder ter devolvida a confiança que me foi tirada há quase dois anos. Desta feita o imunizante tem o rótulo da Pfizer, sendo que a segunda dose foi aplicada no dia 10 de abril deste ano e a primeira, no dia 19 de março, ambas com rótulo da Coronavac.

Eu tenho 75 anos e fui carimbado para grupos de risco pelos curiosos e pelos cientistas. A idade me fez o favor de ter sido levado para receber a aplicação do imunizante, como já disse, em março do ano passado.

Na real, fui acometido da Covid-19 logo no começo da pandemia, conseguiu suportar os castigos que aquele mal impõe, mas superei todas as consequências que se manifestavam mais fortemente, entretanto, não conseguiu fazer o tratamento completo e ficaram no corpo as sequelas da doença.

No final de abril e começo de maio deste ano, depois de “imunizado” pelas duas doses de Coronavac, se manifestaram as sequelas deixadas pela Covid-19, principalmente nos meus pulmões. Passei muitas dificuldades!

A respiração difícil não me deixou dormir e aos meus filhos e esposa, por três dias. Fiz todos os exames possíveis. Um, pelo menos, serviu muito: tomografia computadorizada do tórax, exatamente aquele que mostrou os pulmões enxarcados.

Fui assistido por bons médicos, em casa, pois não permiti que me mandassem para UTIs, principalmente a do HU. Tinha cisma que não voltava para casa.

Em casa foram instaladas “balas” de Oxigênio, respiradores artificiais e contei com uma fisioterapeuta experiente e o calor da minha família, mas, mesmo assim, passei por maus bocados.

Sobrevivi, estou aqui ainda firme e forte e, agora, com dose de Pfizer, mas, reconheço, estive na “fila”.

Daqui a pouco, começa o mês de outubro, o 10.º mês do ano, marcando o início do último trimestre e mesmo tendo que fazer três sessões de hemodiálise por semana, me sinto em condições de continuar trabalhando e colaborando com aqueles que confiam no meu trabalho.    

 

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

O rapaz das fotos

 Rodolfo Juarez

Esta semana, a bordo de um dos taxis que faz ponto no “escritório” da Rua São José com a avenida Coaracy Nunes, quando ia visitar um cliente, conversávamos, eu e o taxista, sobre o dia a dia nosso e de todos.

Falávamos sobre o presidente da República, o Governador do Estado e o prefeito de Macapá. Eu aproveitando a sabedoria do taxista e ele me indagando querendo saber a minha opinião.

Ambos francos e falantes quando nos aproximávamos do sinal luminoso do cruzamento da Rua São José e a Avenida FAB.

No cruzamento destas duas importantes vias do sistema viário macapaense, duas situações nos chamaram a atenção e acabou sendo objeto de comentário: uma a manobra que os ônibus fazem quando deixam a “parada” da Praça Barão do Rio Branco, em frente a uma loja de departamentos; em outra situação, membros de uma família portando cartazes com fotografias de uma paciente renal, pedindo ajuda para deslocamento para outro centro, que não Macapá, para, como estava escrito nos cartazes, “fazer um transplante de rim”.

Naquele momento o carro-taxi, em que estavam o taxista e eu, foi espremido por um ônibus naquela manobra maluca e que persiste há um bom tempo. Reclamações daqui e dali, entraram em um acordo, o taxista e o condutor do coletivo, depois que ambos e eu, colocamos a culpa na CTMac. Valha-nos Deus!

A outra questão, aquela em que os familiares pediam ajuda para o paciente fazer transplante de rim, mereceu maior atenção de minha parte, principalmente depois que o taxista foi informado por mim, que estou com 75 anos e que sou Paciente Renal Crônico desde 2014 e que faço hemodiálise às segundas, quartas e sextas-feiras, desde aquele ano, para suprir a necessidade do meu organismo que precisa funcionar sem os rins estarem em atividade.

Quando ia informar para um dos familiares da pessoa que estava nos cartazes pedindo de ajuda, o sinal abriu e só deu tempo de falar rapidamente com o rapaz do cartaz. Disse eu: “procura a Unidade de Nefrologia do Hospital das Clínicas Alberto Lima que o paciente será assistido por médicos nefrologistas, enfermeiros e técnicos em enfermagem, além de psicólogos e fisioterapeutas. Não ouviu mais quando gritei: “Esse pessoal está preparado para receber os pacientes e encaminhá-los para a fila dos transplantes, mantida e financiada pelo SUS”.

Não deu tempo. Logo em seguida estávamos “entrando” na Av. FAB, levando a preocupação por não ter podido melhor orientar os familiares do rapaz das fotos que estavam ali desde o começo da manhã.

 

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Modificando a História

Rodolfo Juarez

A segunda-feira, 13, do mês de setembro deste ano foi pródiga em informações incorretas prestadas por historiadores, jornalistas e noticiaristas, à população em geral sobre o porquê de o dia 13 de setembro ser feriado, de como era o funcionamento do mercado central de Macapá durante a sua primeira importância, e as desinformações que dessas “estórias” saíram.

Os tempos vão passando, as lembranças não são registradas e restam as fantasias que, daqui a pouco, se não forem tomadas providências sérias sobre este assunto, tudo estará perdido e prevalecendo a imaginação de pessoas não tão respeitosas com os fatos e a verdade.

Um cotejo dos noticiários, dos comentários e das entrevistas que aconteceram na segunda-feira passada, um feriado que não teve a sua verdade contada, uma verdade importante, que foi transformada em grosseiros pontos de desinformação.

Me cabe reclamar dessa triste situação que, entretanto, pode ser modificada com a imediata ação dos setores afins da Universidade Federal do Amapá, da Universidade Estadual do Amapá, da Secretaria Estadual de Educação, das secretais municipais de Educação e dos professores de História.

Ainda há condições de recuperar a verdadeira História do Amapá desde que haja esse objetivo daqueles que detêm essa responsabilidade, pois, caso contrário, daqui a poucos anos vão prevalecer as “estórias”, as anedotas e não os fatos. 

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Equatorial Energia vai substituir a CEA

Rodolfo Juarez

O Estado do Amapá é uma das Unidades da Federação (UF) que figura na lista dos estados brasileiros com menor índice de tratamento sanitário. Os sistemas de esgoto, de drenagem, de coleta domiciliar do lixo urbano, de telefone, internet, energia e água, bem como asfalto, meio fio, linha d’água e calçada que dariam o toque final em uma cidade que precisa de mobilidade para funcionar adequadamente e contando com ambiente de saúde e prazer.

Logo depois da instalação do Território Federal houve um esforço grande das autoridades do Governo Federal para que o governador do então Território pudesse dotar os núcleos urbanos de condições para que a população alcançasse um nível de satisfação que justificasse os investimentos privados que para cá se deslocavam, atraídos pela perspectiva de se ter prazer em viver em Macapá.

A realidade, entretanto, é outra. O fornecimento de energia elétrica sempre foi um grande problema para as autoridades administrarem e fornecerem, em quantidade e qualidade suficientes, energia para o desenvolvimento local. Nem a criação da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) foi suficiente para tranquilizar a população e as autoridades do governo com relação ao fornecimento de energia elétrica. A CEA foi criada como uma empresa de economia mista sendo o Governo do Amapá o seu maior acionista.

Com a descoberta das jazidas de manganês na Serra do Navio, a administração pública, através da Companhia de Eletricidade do Amapá empenhou-se em construir e operar os sistemas de produção, transmissão e distribuição de energia em todo o então Território do Amapá.

Em 1960, a CEA recebeu do Governo do Território o acervo de usina e distribuição, passando a operar com a capacidade instalada de 1.150 KVA.

Em 1976, foi inaugurada a primeira hidrelétrica da Amazônia, localizada no Paredão, hoje distrito do município de Ferreira Gomes, a aproximadamente 140 km de Macapá. Em 1979, o governador do Território, Annibal Barcellos, inaugurou o sistema de distribuição de energia elétrica, 24 horas, de Mazagão.

Em 1984, ocorreu a ampliação do sistema elétrico de Laranjal do Jari e, em 1993, a ampliação chegou no município de Oiapoque, onde a geração de energia era realizada pelos geradores russos adquiridos pelo Governo do Território. Também nesse período, em 2001, os municípios de Calçoene e Amapá passaram a ser atendidos pela Hidrelétrica Coaracy Nunes.  

Finalmente, em 2015, o Estado do Amapá é interligado ao Sistema Elétrico Nacional, vindo junto o processo de Federalização, tendo a Eletrobrás como gestora, nomeando a estrutura administrativa principal: Presidência, Diretoria Administrativa e Financeira e a Diretoria de Planejamento e Expansão, ficando para o Governo do Estado apenas a Diretoria de Operações.

No dia 25 de julho de 2021, a companhia foi leiloada em lance único através de processo de desestatização, pelo valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). O lance foi ofertado pela empresa Equatorial Energia, que foi a única a dar lance na sessão pública. O novo investidor promete aplicar de forma imediata R$ 400 milhões na companhia e deve assumir a administração da empresa distribuidora de energia até dezembro de 2021. A concessão é de, pelo menos, 30 anos.

 

sexta-feira, 23 de julho de 2021

São invisíveis ou não existem

Rodolfo Juarez

Uma eleição, como tudo na vida, tem começo, meio e fim.

No começo, ficam em evidência aqueles ou que têm maiores chances, devido ao partido, à história política, ou ao momento que atravessa ou atravessou recentemente; no meio os sonhadores, aqueles que ainda não disputaram uma eleição e superestimam a sua capacidade de votos, sonham exercendo o mandato; e, no fim, os eleitos e os reeleitos. Os primeiros querendo mudar tudo, e os reeleitos querendo deixar como está para ver como é que fica, está pronto para negociar cargos, relação e projetos pessoais.

Esse tom é mais forte nas eleições proporcionais e ainda mais concentrado quando a eleição proporcional é para vereador com assento na Câmara Municipal do município com o maior contingente eleitoral do Estado, no caso local, o município de Macapá.

Os atuais vereadores que representam a população do município de Macapá na Câmara Municipal ainda não completaram os primeiros seis meses de mandato e já não são lembrados pela massa eleitoral do município.

Parecem que são invisíveis ou não existem!

O eleitor é o primeiro que nega sua existência uma vez que se posiciona a uma distância tão grande do seu representante que nem consegue vê-lo e, o vereador, não consegue ver o eleitor, muito embora as informações importantes estejam com os eleitores que espera que o seu representante cuide das urgências e emergências sociais que conhece e convive.

Mas não, o eleitor prefere ignorar, deixar pra lá, não mais procurar, pois, imagina que não adiante nada, não vai resolver nada e ainda vai enrolar.

Foram tantas as tentativas que a “casa do povo”, como um dia foi chamada a Câmara de Vereadores de Macapá, se transformou em uma espécie de endereço das ilusões perdidas, independentemente das esperanças que estão congeladas no seu coração.

Mesmo neste cenário mal assombrado, os representantes eleitos e dispondo do mandato não se tocam, não ligam para essa realidade, não procuram aproximação com o eleitor, mas desde o primeiro momento imagina o modelo de abordagem que vai adotar na próxima eleição que disputar.

Aqui e acolá, muito raramente, se descobre um ponto fora da curva e se dá de cara com uma ação política importante de um vereador na exploração de um problema até que encontre a solução. Mas como disse, isso é raro, muito raro! 

terça-feira, 20 de julho de 2021

A oportunidade de "tirar o atraso"

 Rodolfo Juarez

O atual momento da política partidária brasileira está trazendo para nível indesejado os outros agentes públicos que se esforçam para mudar o que está recrudescido e amalgamado pelos vícios que se perpetuaram ao longo do tempo.

Está difícil de os agentes públicos da linha de frente do país, se comportarem como esperado desde o resultado das eleições de 2018, quando muitos brasileiros voltaram a vestir, sem qualquer culpa, o verde e o amarelo, e a falar de liberdade. Essa mesma liberdade que a população cubana, depois de 70 anos, começa a querer respirar.

O povo brasileiro não esperava uma pandemia de longa duração e os agentes públicos dos estados e dos munícipios, principalmente seus governadores e prefeitos, viram nos acontecimentos, a oportunidade de “tirar o atraso” e resolver seus problemas de futuras campanhas, como também, aqueles que tornavam os orçamentos insuficientes frene às necessidades urgentes da população.

Foram 26 governadores estaduais, 1 governador distrital, e 5.568 prefeitos municipais tendo sonhos mirabolantes e planejando resolver os problemas dos municípios e dos estados no sentido de se perpetuarem no executivo dos estados, do distrito federal e dos municípios, mesmo sabendo da limitação de dois mandatos.

Os governadores das maiores concentrações populacionais nos limites dos estados que governam, passaram a sonhar e querer criar ambiente, não para enfrentar a pandemia, mas para enfrentar a próxima eleição para presidente da República. Diziam: “ora, seu deu para o Bolsonaro, dá para mim que sou melhor que ele”.

E deu no que deu!

Mesmo quem morria de outras doenças ia para a estatística como morte por covid-19 ou com influência direta da doença provocada pelo coronavírus. Imagina a confusão que deu. Até importantes órgãos de comunicação entraram na disputa, estes em dizer para aqueles sonhadores que está pronto para apoiar, desde que assumissem o compromisso de manter o volume de mídia de antes de 2019 e, se puder ainda aumentar e, mais, não pensar em cobrar os tributos que esses agentes empresariais teriam que pagar.

Os outros poderes queriam mais luzes e entraram na confusão e deu no que deu, mais de 540 mil brasileiros mortos até a semana que findou.

Ainda bem que, depois de discussões sobre “sexos dos anjos”, veio a vacina que já mostra reflexos crescentes à medida que o tempo vai avançando. Até o fim do ano fala-se em vida quase normal, sem deixar de estar assustando a população com “variantes” e anedotas.

Para não ficar sem luz os congressistas instalaram a CPI da covid-19, um teatro para representação de poucos. Agora os atores estão na coxia, mas voltam em agosto.

 

sábado, 17 de julho de 2021

Relação agente público x contribuinte

Rodolfo Juarez

Não consigo imaginar a relação governantes x população depois da pandemia.

No momento - e isso já perdura por mais de um ano -, o cidadão que continuou pagando os seus impostos, esteja ou não prejudicado pelo momento do coronavírus, não consegue se aproximar das autoridades. Elas, as autoridades, mantêm o distanciamento recomendado pelo protocolo da OMS e pelas secretarias de saúde de forma rígida.

Nem mesmo tendo o conhecimento de que a parcela mais pobre da população fica completamente isolada, mesmo quando a comunicação entre o contribuinte e o agente público só pode ser realizada com utilização da internet, computadores atualizados e telefones com recursos sofisticados, todos aparelhos fora do alcance dos contribuintes mais pobres.

Estes ficam sem voz, sem pensamento, sem corpo e completamente isolados do processo de luta e longe da dignidade sonhada pela falta de emprego e das mínimas condições de sobrevivência. O contingente populacional que já vivia assim antes da pandemia aumentou, tanto em número quando no grau de dificuldades.

Quem quiser rememorar essas condições é só se imaginar vivendo, como vivia, no período pré-pandemia.

A questão mais difícil para se resolver a curto prazo está relacionado com a volta dos agentes públicos para suas atividades nos órgãos públicos, principalmente aqueles que defendem que o trabalho à distância vale para todos e que todos podem produzir o mesmo estando disponível, não para o chefe imediato, mas para o atendimento aos contribuintes que buscam solução de problemas diretamente relacionados com as suas necessidades.

Nem mesmo as repartições públicas que recebem os tributos dos contribuintes adotaram um procedimento que pudesse deixar o contribuinte confortável e em condições até de discutir a sua contribuição e o que lhe é cobrado.

A distância entre o contribuinte e os agentes prestadores do serviço público ao cidadão aumentou chegando ao ponto de se tornar inatingível ou suficientemente distante para não ser alcançado.