sexta-feira, 13 de novembro de 2015

No corredor da morte

Rodolfo Juarez
O presidente da Associação dos Pacientes Renais do Estado do Amapá está desesperado com a situação na qual se encontra a unidade de nefrologia do Hospital de Clínica Alberto Lima, em Macapá.
O aumento da população do Estado reflete no aumento da população de pacientes renais amapaenses.
Sem estrutura para a realização dos transplantes, os pacientes aqui esperam por uma oportunidade para viajar até Fortaleza, no Ceará, Joinville, em Santa Catarina, na expectativa de entrar na fila dos transplantes, encontrar um doador compatível, e fazer o transplante.
A superlotação já modificou a rotina da unidade local de nefrologia que funciona com 39 máquinas no HCAL, todas terceirizadas, em quatro turnos (até a pouco tempo era apenas três), sacrificando a todos: médicos, enfermeiros e pacientes.
Uma unidade em Santana vem sendo anunciada desde 2011, mas até agora, não funciona, deixando os pacientes que moral ali, com extremas limitações para chegar até a Unidade em Macapá.
O paciente renal tem muitos limites, inclusive fiscos, principalmente nas duas horas seguintes à sessão de diálise que se submete em dias alternados: segunda, quarta e sexta; ou terça quinta e sábado.
Uma sessão demora de 3 a 4 horas. Pelas limitações do ambiente, as seções foram reduzidas na sua duração, diminuindo a eficácia do tratamento, tanto que há seleção médica para os que têm maior e menor resistência.
A situação é muito séria. Atualmente a administração do setor tem dificuldades para manutenção dos três salões onde estão as máquinas, inclusive o sistema de ar condicionado, com equipamentos usados que dificultam o funcionamento e, por isso, com constantes paralização, dificultando, ainda mais, as sessões tanto para os pacientes, como para os médicos, enfermeiras e outros auxiliares.
Para se ter uma ideia, segundo as estatísticas da Associação dos Pacientes Renais do Amapá, em 2012 foram registrados 65 óbitos de pacientes atendidos pelo sistema local; em 2014 foram 44. Um dos médicos que trabalha na Nefrologia do HCAL afirma que a média de óbitos gira em torno de 40 pacientes por ano.
Outro problema muito grave que os pacientes enfrentam se refere a uma microcirurgia que têm que se submeter um paciente renal para poder fazer a limpeza do sangue.
O procedimento cirúrgico é conhecido como colocação de fístola, que consiste em um receptor, subcutâneo, próprio para receber a ligação da máquina que vai fazer a “limpeza” do sangue e o cirurgião precisaria de um equipamento específico para identificar qual a veia do braço ou de outra parte do corpo é a mais adequada para receber o corpo estranho. Sem o ter o equipamento nem todos os procedimentos dão certos e o paciente fica com a saúde extremamente prejudicada.
Outros problemas evitáveis poderiam ser resolvidos, como por exemplo, combustível para as vans que transportam os pacientes de Santana para Macapá e de Macapá para Santana, além do que as vans são alugadas e o pagamento, costumeiramente atrasa, aumentando o rosário de dificuldades do paciente e o desespero das famílias.
Também padecem os pacientes da unidade de nefrologia do HCAL com os equipamentos auxiliares, como eletrocardiograma, sempre com defeito e rotineiras falta de medicamentos na farmácia.
Como todos os outros setores da saúde no Estado, a unidade de nefrologia precisa de melhor atenção.
É bom lembrar que o agravante do sofrimento do paciente e da família, que mesmo contando com a solidariedade do grupo de familiares que se forma na sala de espera a cada sessão de diálise, têm a certeza que o tratamento está fora do Estado.
Aqui ainda não se faz transplante e são mais de 400 pacientes atendidos na Unidade e cada paciente tem que estar, um dia sim outro não, ligado à máquina precisando, muitas vezes, da atenção e comprometimento dos médicos e enfermeiros.
É preciso entender melhor essa causa, pois, mesmo morrendo 40 pacientes, em média, por ano, muitos são salvos pela recuperação do rim ou pelo transplante que é feito fora do Estado.

Pensem nisso!

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