Rodolfo
Juarez
O
presidente da Associação dos Pacientes Renais do Estado do Amapá está
desesperado com a situação na qual se encontra a unidade de nefrologia do
Hospital de Clínica Alberto Lima, em Macapá.
O
aumento da população do Estado reflete no aumento da população de pacientes
renais amapaenses.
Sem
estrutura para a realização dos transplantes, os pacientes aqui esperam por uma
oportunidade para viajar até Fortaleza, no Ceará, Joinville, em Santa Catarina,
na expectativa de entrar na fila dos transplantes, encontrar um doador
compatível, e fazer o transplante.
A
superlotação já modificou a rotina da unidade local de nefrologia que funciona
com 39 máquinas no HCAL, todas terceirizadas, em quatro turnos (até a pouco
tempo era apenas três), sacrificando a todos: médicos, enfermeiros e pacientes.
Uma
unidade em Santana vem sendo anunciada desde 2011, mas até agora, não funciona,
deixando os pacientes que moral ali, com extremas limitações para chegar até a Unidade
em Macapá.
O
paciente renal tem muitos limites, inclusive fiscos, principalmente nas duas
horas seguintes à sessão de diálise que se submete em dias alternados: segunda,
quarta e sexta; ou terça quinta e sábado.
Uma
sessão demora de 3 a 4 horas. Pelas limitações do ambiente, as seções foram
reduzidas na sua duração, diminuindo a eficácia do tratamento, tanto que há
seleção médica para os que têm maior e menor resistência.
A
situação é muito séria. Atualmente a administração do setor tem dificuldades
para manutenção dos três salões onde estão as máquinas, inclusive o sistema de
ar condicionado, com equipamentos usados que dificultam o funcionamento e, por
isso, com constantes paralização, dificultando, ainda mais, as sessões tanto
para os pacientes, como para os médicos, enfermeiras e outros auxiliares.
Para se
ter uma ideia, segundo as estatísticas da Associação dos Pacientes Renais do
Amapá, em 2012 foram registrados 65 óbitos de pacientes atendidos pelo sistema
local; em 2014 foram 44. Um dos médicos que trabalha na Nefrologia do HCAL
afirma que a média de óbitos gira em torno de 40 pacientes por ano.
Outro
problema muito grave que os pacientes enfrentam se refere a uma microcirurgia
que têm que se submeter um paciente renal para poder fazer a limpeza do sangue.
O
procedimento cirúrgico é conhecido como colocação de fístola, que consiste em
um receptor, subcutâneo, próprio para receber a ligação da máquina que vai
fazer a “limpeza” do sangue e o cirurgião precisaria de um equipamento
específico para identificar qual a veia do braço ou de outra parte do corpo é a
mais adequada para receber o corpo estranho. Sem o ter o equipamento nem todos
os procedimentos dão certos e o paciente fica com a saúde extremamente
prejudicada.
Outros
problemas evitáveis poderiam ser resolvidos, como por exemplo, combustível para
as vans que transportam os pacientes de Santana para Macapá e de Macapá para
Santana, além do que as vans são alugadas e o pagamento, costumeiramente
atrasa, aumentando o rosário de dificuldades do paciente e o desespero das
famílias.
Também
padecem os pacientes da unidade de nefrologia do HCAL com os equipamentos
auxiliares, como eletrocardiograma, sempre com defeito e rotineiras falta de
medicamentos na farmácia.
Como
todos os outros setores da saúde no Estado, a unidade de nefrologia precisa de
melhor atenção.
É bom
lembrar que o agravante do sofrimento do paciente e da família, que mesmo
contando com a solidariedade do grupo de familiares que se forma na sala de
espera a cada sessão de diálise, têm a certeza que o tratamento está fora do
Estado.
Aqui
ainda não se faz transplante e são mais de 400 pacientes atendidos na Unidade e
cada paciente tem que estar, um dia sim outro não, ligado à máquina precisando,
muitas vezes, da atenção e comprometimento dos médicos e enfermeiros.
É
preciso entender melhor essa causa, pois, mesmo morrendo 40 pacientes, em
média, por ano, muitos são salvos pela recuperação do rim ou pelo transplante
que é feito fora do Estado.
Pensem
nisso!
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