domingo, 12 de fevereiro de 2017

Gestão Pública: modelo atual é viciado

Rodolfo Juarez
O que aconteceu e está acontecendo no Espírito Santo, um Estado da região considerada uma das mais desenvolvida do país, é a demonstração da falência do modelo que os gestores escolheram nas últimas duas décadas, principalmente, para gerir o que é do interesse público.
Com a necessidade de cumprir as promessas feitas em ambientes não públicos, os gestores passam a corromper a se deixam ser corrompidos por não poderem contrariar os oportunistas que sempre rondam esses candidatos a líderes, fragilizados pela sua incompetência ou pelo desconhecimento do que precisa fazer.
Os problemas criados por aliados de campanhas eleitorais acabam superando a capacidade de liderança que tem o gestor e ele aceita a mensagem da governabilidade, enviadas pelos oportunistas e pelos perdedores, propondo a divisão do poder que o povo lhe outorgou para cuidar dos interesses desse mesmo povo.
O modelo acabou servindo para que o gestor, escolhido pelo povo, usasse o mandato para pagar as suas dívidas pessoais e promessas de campanha, nem que para isso tivesse de abrir mão de sua autoridade e de sua honestidade.
Abriu mão da autoridade quando, primeiro dividiu - e depois entregou -, partes importantes da administração para os seus aliados ou contrários que, mostravam-se dispostos a trocar apoio por cargos.
Virou desonesto quando teve que devolver, “pagando” com dinheiro ou facilitação criminosa, aos financiadores de campanha, ávidos em se aproveitar da oportunidade e da fraqueza do gestor, com o objetivo de acumular riquezas e se sentir como dono do poder, sem qualquer responsabilidade com o verdadeiro dono do bem público – a população.
O tempo passou devagar, mas a roda da desonestidade rodou rapidamente, as empresas financiadoras exigiram os seus “direitos”, cresceram, se diversificaram, de mundializaram, viraram multinacionais, seus donos e diretores corruptores, os gestores corruptos e todos criminosos.
Os planos deixaram de ser políticos e passaram a ser de grupos, deixando de ser Plano de Governo para ser Plano de Poder, com a necessidade de envolver todas as esferas de gestão da Federação Brasileira, invadindo, além do Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Judiciário, mais aquele do que este, que se defendeu elevando os salários dos seus agentes para formar um muro de proteção e deixá-lo longe da corrupção.
O Legislativo também procurou adotar esta mesma estratégia, mas a necessidade de, a cada quatro anos, precisar renovar o mandato dos seus principais membros para continuar no Poder acabou criando uma ligação muito mais que perigosa com a iniciativa privada, a ligação criminosa através do caixa 2 e a doação não declarada.
O próprio legislativo, em nome da governabilidade, aliou-se com o Executivo e passou, também, a indicar nomes para a gestão pública, no Executivo, tendo esses nomes a “obrigação” de compensar o seu “padrinho” com roubalheiras cada vez mais escancaradas e por diversas maneiras.
Os valores depositados no exterior por gestores públicos, sem origens declaradas, e incompatíveis com os ganhos registrados nos contracheques mensais, ou ocasionais, são a demonstração do resultado de um modelo de gestão falida e que levou o Brasil ao ponto em que se encontra administrativamente, em todos os níveis, e sem condições de cumprir as suas obrigações com os próprios funcionários públicos que escolheu para fazer a “maquina” funcionar.
A administração pública ficou maior que a gestão pública, com o Executivo tendo excesso de funcionários, baixos salários e fraca assistência social a estes; enquanto que o Legislativo e o Executivo ficaram com poucos funcionários, altos salários e alta assistência social.
Nenhum dos dois modelos serve para a Nação.

Os dois modelos precisam ser equalizados levando em consideração o tamanho da economia, nacional e local, e necessidade dos serviços públicos que foi prometido e não está sendo cumprido. 

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