Rodolfo Juarez
A
Constituição Estadual, na Seção que trata das atribuições do governador, no
inciso XII do art. 119, está escrito que “compete privativamente ao Governador
do Estado, além de outras atribuições previstas nesta Constituição, remeter
mensagem e plano de governo à Assembleia Legislativa, por ocasião da abertura
da seção legislativa, expondo a situação do Estado e solicitando providências
que julgar necessárias”.
No dia
2 de fevereiro, dia da abertura da sessão legislativa para o exercício de 2017,
o governador compareceu à Assembleia Legislativa e leu a mensagem com o intuito
de atender o que prevê a Carta Magna Estadual, a meu sentir, sem os requisitos
que são elencados naquela Constituição, ou seja: uma exposição sobre a situação
do Estado e solicitação de providências que julgar necessárias.
Muito
estranho esse comportamento, pois sem esses requisitos previstos na
Constituição, o governador não cumpre o que manda da Carta do Estado e deixa
transparecer que a sua presença foi como uma forma de apoio ao presidente Kaká
Barbosa, que um pouco antes havia assumido o cargo de Presidente da Assembleia
Legislativa sem os pares que são previstos nas leis e regimentos da Casa.
A
necessidade de apresentar aos deputados estaduais a situação do Estado e
solicitar providências que julgar necessário é uma decorrência da representação
que tem - ou deveria ter -, a Assembleia Legislativa, por delegação expressa do
povo do Estado do Amapá.
Analisando
o documento lido pelo Governador do Estado na Assembleia Legislativa, na forma
como está escrita, não serve para os deputados como documento capaz de suprir o
que manda a Carta do Estado. É mais um relatório de atividades onde consta uma
lista de vontades que resulta de uma avaliação absolutamente deslocada da
realidade e que, se pontuada, sobra muito pouco para as necessidades que a
relação Executivo-Legislativo precisa para evoluir no rumo do interesse da
sociedade.
Desde o
começo, quando a mensagem se propõe à uma avaliação do primeiro biênio do atual
mandato, se observa que se trata de um relatório inócuo e impróprio para o
atendimento do que manda a Constituição Estadual. Mesmo assim, logo no início
do texto, destaca que “houve muitos avanços em 2015 e2016” e adiante, que isso
foi obtido dentro de um “cenário impróprio pra o crescimento”.
Duas
questões absolutamente contraditórias, uma vez que se houve avanços o cenário
não poderia ser impróprio para estes avanços. A ciência lógica repudia essa
possibilidade.
Adiante
a mensagem oficial apresenta como apoio às afirmações, para comprovar os
avanços, o que teria detectado o Centro de Lideranças Públicas (CLP), uma
organização sem fins lucrativos com sede em São Paulo, capital que tem como
missão “emponderar líderes pra transformar o Brasil por meio da mudança de
cultura e gestão do setor público e fortalecimento das instituições
democráticas” conforme expõe em sua página na internet.
A CLP
não trata de estatística, pelo menos até agora, que possa indicar evolução em
ranking de competitividade, muito menos entre os estados brasileiros. Portanto
os saltos que retratariam a evolução do Estado do Amapá é a parte do desejo que
não se comprova na prática.
As
citações repetidas ao relatar os eixos de desenvolvimento, as avaliações são
subjetivas e, desta forma, também não atende ao que pretenderam os deputados
constituintes em 1991, quando fizeram a Constituição do Estado e os deputados
estaduais em 2006 quando fizeram a grande reforma na Constituição do Estado do
Amapá.
Na
prática a mensagem acabou por não atender às orientações da constituição
estadual vigente e deixou os deputados e a população sem saber a situação atual
do Estado na visão do Executivo e os deputados sem saber que providências
precisam tomar para encontrar o rumo de desenvolvimento pretendido por todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário