domingo, 8 de setembro de 2013

As vozes das ruas não se calam

Rodolfo Juarez
A população brasileira mudou e mudou muito o seu comportamento. Antes observadora passiva, agora cobradora ativa, que vai para as ruas, protesta e enfrenta as opiniões oficiais, que pretendem mostrar, através das mídias, uma realidade que não existe e um país que não é aquele que a realidade mostra.
Hoje, dispondo de instrumentos novos para se comunicar, as pessoas contam com novas formas diferentes de informa-se e informar os outros, contestando ou corroborando com a opinião geral.
É possível que tenha sido esse panorama que proporcionou a, no primeiro semestre deste ano, a queda vertiginosa da aceitação da forma de governar da presidente Dilma, como o próprio desempenho da presidente.
Foi uma década de espera pela confirmação do muito que foi prometido e nem mesmo a confusão estratégica pretendida de achar os responsáveis – se os governantes ou se o partido dos governantes – foi capaz de evitar o desgaste.
Agora os dirigentes enfrentam a realidade de uma avaliação que não fica apenas por conta dos institutos de pesquisa, mas que é mostrado nas manifestações de rua, como as que aconteceram no Dia da Independência.
Os dirigentes do país precisam se reposicionar, precisam rearrumar os interesses nacionais, mostras que são capazes de acompanhar as mudanças e entender a língua do povo, mesmo que tenham que mudar de rumo o seu pensamento e as linhas mestras, ou como se acostumara a chamar, os eixos de desenvolvimento.
Desta vez o pensamento foi consolidado na sala de estar das residências, onde os filhos, vendo os pais saírem de casa às 4 da manhã e voltarem às 8 da noite, perceberam que, mesmo com toda essa ocupação, o dinheiro que ganham não é suficiente para as necessidades da casa durante os trinta dias do mês.
O subemprego ou as dificuldades para chegar ao emprego, ou mesmo a falta de dinheiro, tornou-se a discussão preferida, na sala de estar das residências brasileiras, onde os filhos tinham que optar em quem acreditar: na televisão que mostrava um país próspero, 6ª economia do mundo; ou em um país injusto, onde os trabalhadores trabalham mais e ganham menos.
Foram os jovens, ativos participantes das redes sociais, que se insurgiram contra a situação e resolveram responder aos dirigentes, da única forma que conseguiram ser ouvidos – manifestando-se nas ruas.
É claro que não contavam com os oportunistas. Aliás, aqueles jovens nem sabiam que os oportunistas estavam por ali, cercando, esperando o momento certo para se integrar e atuar à sua forma, com baderna, vandalismos e destruição.
O problema para os manifestantes: jovens, pessoas maduras, algumas bem maduras até, passou a ser os “infiltrados”, dos quais se livraram quando os governantes, desacostumados com avaliação popular, passaram a ser confundidos com os vândalos.
Para manter a ordem, por exemplo, os desfiles militares deste dia sete de setembro, em algumas capitais brasileiras, tiveram reforço na segurança dos mandatários públicos e contaram infiltrados oficiais, entre os manifestantes, para anteciparem-se aos acontecimentos programados evitando, na medida do possível, graves ocorrências, como as de junho e julho.
O combate às dificuldades administrativas do setor público atual é o que quer os manifestantes. Essas dificuldades poderão começar a ser eliminadas, desde que se entenda o que as ruas estão dizendo.
Ignorar os fatos é arriscar demais!

O momento exige competência e não discurso; ação e não promessa; responsabilidade e não justificativas.

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