UM DESBRAVADOR
Rodolfo Juarez
A
família e a profissão são responsáveis pela aproximação que temos de algumas
pessoas que acabam marcando a nossa própria vida e nossa maneira de ver o
mundo, às vezes funciona com se fosse uma imensa gaiola cheia de aberturas e
espelhos onde se tem oportunidade de ver o mundo exterior e a nós mesmos,
criando ambientes para reflexões, cheias de exemplos, para que valorizemos a
família e a profissão.
Quem
tiver uma oportunidade dessas não a desperdice, não a deixe passar como se de
menos importância fosse. Na maioria das
vezes não temos segunda chance e não há como recriar as oportunidades.
As
aparências são responsáveis por enganos irreparáveis, mas também, por
conquistas amistosas e duradouras que cooperam com o modo de viver de cada um
de nós, tomando o cuidado para não deixar-se abater pelos enganos e nem se
empolgar demais, pelas conquistas.
A
profissão de engenheiro civil acabou me dando uma oportunidade para conhecer um
profissional dedicado e sem temor para enfrentar desafios, fossem ele na sede
do município de Mazagão ou na sede do município de Oiapoque e isso em um tempo
que não havia ligação rodoviária para qualquer daqueles dois locais.
Mesmo
assim jamais, como engenheiro, ele se deixava assustar ou lhe impunha qualquer
limite, desde que em nome da profissão que tinha orgulho de exercer.
A
aplicação na execução dos planos e projetos pelo engenheiro chamou a atenção
para outros setores, que se transformariam em paixão, como a administração e a
política. Nas duas, todas as vezes que teve oportunidade, sempre se destacou e
esteve à frente de grandes projetos.
Enquanto
ocupado com uma tarefa, lá estava ele, nas horas vagas, trabalhando em outra,
inquieto por natureza, sabia que podia dar mais pelo Amapá, sendo engenheiro,
administrador ou líder partidário – nunca quis ser líder político.
Carlos
Eliomar Chagas Aragão veio trabalhar no Amapá em 1978, com 25 anos,
recém-formado em engenharia civil pela Universidade Federal do Estado do Pará.
Fazia parte de um grupo de profissionais selecionados pelo governo amapaense
para executar os serviços de engenharia que precisavam ser realizados de forma
urgente.
Foi o
que mais se mostrou disposto a não escolher local e, por isso, foi o engenheiro
responsável por obras em Mazagão, Oiapoque e Amapá, tanto que chegou e assinou
o seu primeiro contrato com o Governo.
Nas
sedes de cada um daqueles municípios estava em construção o minicampos (depois
hotel de transito), casa do prefeito, casa do juiz, do delegado, além de
importantes obras como, estradas de penetração e de interligação e, no caso de
Oiapoque, a construção do muro de arrimo da cidade.
Pois
bem, o engenheiro Carlos Aragão deu conta de todas as incumbências que lhes
foram passadas.
Mesmo
com tantas ocupações foi atraído pela polícia e começou acompanhando a maratona
desenvolvida, durante as campanhas, por Antônio Pontes, quatro vezes deputado
federal pelo Amapá. Esses mandatos o deputado reconhecia que boa parte deles
devia ao seu companheiro, como o destacava, Carlos Aragão.
Percebeu
que podia continuara colaborando efetivamente com a política se dirigisse um
partido. Foi nessa corrente de pensamento que fundou trouxe para o Amapá o PSD,
responsável pela eleição de tantos que, mesmo não lhe dando o devido valor,
tinham o respeito do presidente Aragão.
Essas
participações políticas atraíram o engenheiro Carlos Aragão para dentro da
Administração Pública local, mantendo o seu perfil e sempre disposto a cooperar
com aqueles que o designavam.
Exercia
os cargos com dedicação impar!
Agora
as cortinas baixaram. O grande desbravador, que recebeu o título de cidadão
amapaense em junho deste ano, nos deixou no dia 16 de setembro, depois de ver o
Amapá comemorar 70 anos de criação, certamente satisfeito com o que pode fazer,
mas deixando seus amigos sentidos pelo presente, mas gratificados pela história
que teve oportunidade de escrever coma agente modificador do Amapá.
Obrigado
Carlos Aragão por ter feito o que fez e por ter me dado a oportunidade de ser,
com você, participante da conformação do Amapá.
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