Rodolfo Juarez
O
contingenciamento de parte do orçamento precisa ter tempo determinado – e não
muito longo -, para ser eficaz.
De
pouco adianta, para o Governo como um todo, contingenciar o orçamento de algumas
áreas, mesmo as consideradas mais importantes, se, desde o começo, não tem um
período definido, que não pode ser superior a quatro meses e nem inferior a
dois, considerando o período dinâmico de qualquer administração estratégica.
Quando
o contingenciamento supera os quatro meses o que se está fazendo, em verdade, é
uma profunda alteração orçamentária, contrária à Lei do Orçamento e com
significativos prejuízos para as áreas que foram atingidas pelo corte de
recursos, seja ele do tamanho que for, ainda mais quando chega a números como 40%
(quarenta por cento).
O
contingenciamento orçamentário feito no começo do exercício de 2015 no Estado
do Amapá, deixando de fora as áreas consideradas prioritárias para a
administração (Educação, Saúde e Segurança Pública), feriu de morte os projetos
anuais e plurianuais que estavam em desenvolvimento em outros setores da
administração, criando um vácuo irrecuperável e prejudicial à sociedade,
principalmente aqueles setores do governo que são responsáveis pelos investimentos
públicos.
Observe-se
que as áreas deixadas de fora do contingenciamento de 40% são todas de custeio.
Áreas que não modificam a economia do Estado, seja pela aplicação da parcela do
orçamento referente aos investimentos que lá constam, seja pelo nível de
emprego que despenca juntamente com a paralização das obras e da mão-de-obra.
A
retração nos impostos é evidente, pois a atividade econômica diminui, ainda
mais quando são raros os setores que representam essa atividade no Estado.
Manter
o contingenciamento é um risco altíssimo e o sacrifício definitivo dos outros
setores que equilibram, quando em atividade, as pretensões sociais nas
atividades governamentais.
De
outro lado os deputados estaduais devem ter percebido o prejuízo a que está
sujeito apresentar o balanço das realizações decorrentes do orçamento público
do Estado.
São
obras que não são iniciadas ou mesmo concluídas, são serviços de infraestrutura
que não são iniciados ou concluídos, empurrando com a barriga setores
importantes e estruturantes do Estado como as rodovias, as obras de artes, as
edificações, todas as políticas de atração de capitais que possibilitem a
geração de empregos.
Questões
como a dívida pública não param de correr o prazo e quanto mais inadimplente,
mas cara a fatura.
Trazer
o orçamento público para a realidade estadual seria uma medida que, entretanto
exigiria explicações de profunda técnica e de possíveis prejuízos políticos,
questões que a administração atual não conta ou dela foge que nem o diabo da
cruz.
A
diminuição real do orçamento público implicaria em redução dos duodécimos dos
Poderes do Estado e, para que isso se tornasse possível seriam exigidos
comportamentos que até agora não foram praticados, como a transparência no
serviço público ou mesmo o reconhecimento da crise que está instalada pela
falta ou insuficiência de recurso.
A
realidade, entretanto, precisa ser encarada imediatamente antes que os
problemas se avolumem à dimensões impossíveis de ser controlada pelos
governantes.
É uma
questão de responsabilidade.
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