quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Negócio mal feito II

Rodolfo Juarez
A população amapaense tem muitos motivos para estar descontente com o que vem acontecendo com o fornecimento de energia elétrica tanto para o consumidor doméstico como o para não doméstico, devido a constantes “queda” de energia e os repetidos cortes no fornecimento protagonizado pela empresa concessionária.
Tanto a Eletrobrás, como a Eletronorte e o próprio Governo do Amapá afirmaram, em passado recente, que a federalização da empresa era a solução para os problemas que a companhia de energia vinha enfrentando.
Não falaram, entretanto, que no universo de problemas que haviam selecionado não tinham colocado o consumidor, a não ser na parte que ficaria responsável pelo pagamento de uma dívida dita “impagável”, tanto os vinculados ao Governo Federal como aqueles vinculados ao Governo Estadual.
A agenda de procedimentos foi preparada, os representantes da população – os deputados estaduais – autorizaram o Executivo Estadual a tomar o empréstimo de um bilhão e quatrocentos milhões, para “resolver o problema da CEA”.
Cumprida a agenda e contratado o empréstimo, começaram os problemas para a população. Primeiro diretamente com os funcionários da empresa, depois com os consumidores atendidos pela empresa.
Não avisaram que as “quedas” de energia e suas consequências, viriam junto com a federalização e as interrupções passariam a fazer parte do cotidiano, além disso, com novos critérios para cortes de fornecimento e para cobranças das contas atrasadas.
Negócio mal feito!
E por que o negócio foi mal feito?
Exatamente porque foram atendidas todas as exigências de um lado, deixando o contrato de federalização da companhia completamente desequilibrado e, pelo menos até agora, ninguém quer se responsabilizar pelo mal feito e, muito menos, aquele que fez o mal feito, se apresentar para dizer que “era bem assim...”.
Pelo visto estamos no “mato sem cachorro”, ou melhor, “na casa do sem jeito”, ficando com a responsabilidade de tudo o que não é bom para cada um dos consumidores e o que é bom para a Eletrobrás, pois devemos pagar as contas com todos os acréscimos procedidos sem qualquer discussão e ainda tem que pagar a conta do empréstimo bilionário feito para pagar aquele mesmo que ficou com a “faca e o queijo na mão”.
Foi ou não foi um negócio mal feito?
Agora, como compensar isso pelas anunciadas vantagens do “Linhão do Tucuruí” tão festejado pelos embusteiros que não sabiam o que diziam e não queriam saber como estava sendo conduzida a federalização da companhia que detinha a concessão do fornecimento de energia?
No interior os sistemas moto-geradores estão parando por vários motivos, entre eles: falta de manutenção, falta de combustível e falta de pessoal para cuidar das máquinas e dos equipamentos que há muito tempo serviam as pequenas comunidades aonde os fios da CEA não chegavam.
A lógica atual é exclusivamente empresarial, ou seja: tem que ar lucro, mesmo que tenha que tirar o “couro” do consumidor.
Além disso, a ideia que se tem, é de que está fora dos planos do comando da empresa concessionária de energia elétrica para o Estado do Amapá, que nada será feito, com relação ao fornecimento de energia, onde o arrecadado não dê para cobrir os custo gerais, isto é, acabaram-se as vertentes sociais da concessionária, o que, por definição, deve fazer parte da política de qualquer empresa instalada em qualquer comunidade que esteja em solo brasileiro.
É preciso cuidar dessa lógica equivocada e restabelecer o princípio geral do fornecimento de energia.
A situação é grave e urgente!

Não é possível que um negócio mal feito não possa ser desfeito.

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