Rodolfo Juarez
Não precisa
ser nenhum especialista para entender que o que ocorreu na construção da Ponte
sobre o Rio Matapi, na estrada estadual que liga a capital à sede do município
de Mazagão, foi um erro de locação ou um lamentável descuido que, agora, está
orçado em 10 milhões de reais.
Não seria
relevante se estivéssemos falando de um país em desenvolvimento, com PIB
positivo e a produção econômica em alta. Ou se o Estado do Amapá estivesse com
sobra de dinheiro em sua receita própria e com disponibilidade para gastar 10
milhões sem sentir falta.
Nenhuma coisa,
nem outra.
O que o Brasil
e, em especial o Amapá, está passado é por uma crise sem qualquer comparação em
qualquer tempo neste século.
O Amapá está com
arrecadação em queda e com risco de não se atingir a receita própria estimada
para 2015 o que, com certeza, fará falta o dinheiro gasto na solução de
problemas evitáveis.
E ainda tem o
agravante de que o dinheiro que está sendo investido na construção da Ponte
sobre o Rio Matapi é resultado de um empréstimo “consignado” onde a garantia do
credor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é o
Fundo de Participação dos Estados (FPE) e que será pago a longo prazo por
nossos filhos e netos.
Mesmo assim,
esse “errinho”, que vai custar em torno de 10 milhões de reais a preço inicial,
não tem autor, ou melhor, não se buscou o autor, muito embora tudo indique que
o responsável pelo prejuízo é o próprio consórcio construtor da ponte e que, segundo
as últimas notícias, deverá ser premiado com mais 10 milhões de reais, como
aditivo.
O secretário
de estado do transporte do Governo do Estado deu a entender que está
trabalhando, junto ao BNDES, para que aceite que a obra seja aditada ao
contrato que foi firmado pelo consórcio que construiu a ponte. Um verdadeiro
prêmio por um erro caro, contra um estado pobre, que ainda não consegue atender
às mínimas necessidades da população e que considera em emergência o setor da
saúde cuidado pelo Estado.
É incompreensível
essa falta de zelo com o dinheiro público.
Não dá para
entender a falta de discussão para saber quem foi o responsável pelo erro
técnico que acabou deslocando o eixo da ponte do eixo da rodovia.
Se fosse um
pobrezinho, já estaria respondendo pela “insensatez”, mas como o que errou é um
senhor bem de vida, premiado com a melhor obra do Estado, esse não, deve, ao
contrário, receber um prêmio de 10 milhões de reais, que é uma espécie de
acumulado de loteria, como sonham os que arriscam a sorte e contribuem para
viabilizar os projetos a partir da loteria federal.
Esse dez
milhões, que quando aplicarem as correções contratuais deve crescer bastante e
provocar sangria ainda maior, inflando o prêmio daqueles que estarão recebendo
os pagamentos pelos seus erros.
As coisas não
podem ser assim, pelo menos quando se tratar de dinheiro que o povo autorizou a
emprestar para aplicar no desenvolvimento da infraestrutura do Estado e não
para cobrir erros na execução das obras.
Esse prêmio
não é merecido!
Aqueles que
estão ignorando as consequências dessas decisões mal tomadas podem esperar pela
cobrança da população e, talvez, da justiça.
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