quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O prêmio pelo erro

Rodolfo Juarez
Não precisa ser nenhum especialista para entender que o que ocorreu na construção da Ponte sobre o Rio Matapi, na estrada estadual que liga a capital à sede do município de Mazagão, foi um erro de locação ou um lamentável descuido que, agora, está orçado em 10 milhões de reais.
Não seria relevante se estivéssemos falando de um país em desenvolvimento, com PIB positivo e a produção econômica em alta. Ou se o Estado do Amapá estivesse com sobra de dinheiro em sua receita própria e com disponibilidade para gastar 10 milhões sem sentir falta.
Nenhuma coisa, nem outra.
O que o Brasil e, em especial o Amapá, está passado é por uma crise sem qualquer comparação em qualquer tempo neste século.
O Amapá está com arrecadação em queda e com risco de não se atingir a receita própria estimada para 2015 o que, com certeza, fará falta o dinheiro gasto na solução de problemas evitáveis.
E ainda tem o agravante de que o dinheiro que está sendo investido na construção da Ponte sobre o Rio Matapi é resultado de um empréstimo “consignado” onde a garantia do credor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e que será pago a longo prazo por nossos filhos e netos.
Mesmo assim, esse “errinho”, que vai custar em torno de 10 milhões de reais a preço inicial, não tem autor, ou melhor, não se buscou o autor, muito embora tudo indique que o responsável pelo prejuízo é o próprio consórcio construtor da ponte e que, segundo as últimas notícias, deverá ser premiado com mais 10 milhões de reais, como aditivo.
O secretário de estado do transporte do Governo do Estado deu a entender que está trabalhando, junto ao BNDES, para que aceite que a obra seja aditada ao contrato que foi firmado pelo consórcio que construiu a ponte. Um verdadeiro prêmio por um erro caro, contra um estado pobre, que ainda não consegue atender às mínimas necessidades da população e que considera em emergência o setor da saúde cuidado pelo Estado.
É incompreensível essa falta de zelo com o dinheiro público.
Não dá para entender a falta de discussão para saber quem foi o responsável pelo erro técnico que acabou deslocando o eixo da ponte do eixo da rodovia.
Se fosse um pobrezinho, já estaria respondendo pela “insensatez”, mas como o que errou é um senhor bem de vida, premiado com a melhor obra do Estado, esse não, deve, ao contrário, receber um prêmio de 10 milhões de reais, que é uma espécie de acumulado de loteria, como sonham os que arriscam a sorte e contribuem para viabilizar os projetos a partir da loteria federal.
Esse dez milhões, que quando aplicarem as correções contratuais deve crescer bastante e provocar sangria ainda maior, inflando o prêmio daqueles que estarão recebendo os pagamentos pelos seus erros.
As coisas não podem ser assim, pelo menos quando se tratar de dinheiro que o povo autorizou a emprestar para aplicar no desenvolvimento da infraestrutura do Estado e não para cobrir erros na execução das obras.
Esse prêmio não é merecido!

Aqueles que estão ignorando as consequências dessas decisões mal tomadas podem esperar pela cobrança da população e, talvez, da justiça.

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