segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O pouco caso pela Área de Livre Comercio de Macapá e Santana

O POUCO CASO PELA ALCMS
Rodolfo Juarez
Há tempo que não voltava as minhas atenções para a importância da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana ou para o que significa a instalação de regimes aduaneiros especiais no Amapá.
A adoção de regimes aduaneiros especiais fora sugerido desde o início da década de 80. Foram apresentadas, desde então, três propostas: a Zona Franca de Macapá (1983), a Zona de Processamento de Exportação de Santana (1989) e a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana (1991).
A Área de Livre Comércio de Macapá e Santana foi criada em 1989, visando estabelecer condições favoráveis para quebrar o desequilíbrio regional, cada vez mais acentuado e com prejuízos econômicos e sociais inaceitáveis para um país que acabava de promulgar a Constituição Cidadão.
Não resta dúvida que a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana foi um marco na dinâmica da economia regional, considerando o impulso que possibilitou com o fluxo comercial de bens de consumo a partir dos dois principais centros de negócio do Estado.
A organização da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana deu-se por um Decreto-Lei (n.º 8.387, de 30 de dezembro de 1991) e pelo Decreto n.º 517, de 8 de maio de 1992, este regulamentando os procedimentos.
A Área de Livre Comércio de Macapá e Santana apesar de ser a única com saída marítima, os portos sempre foram inibidores da expansão dos processos produtivos locais, por não atenderem às necessidades portuárias mínimas, tanto com relação a movimentação de carga como de passageiros.
A construção do terminal de contêineres no Porto de Macapá e a municipalização do Porto Alfandegado, não foram suficientes, pois, antes, a política desenvolvida pela Receita Federal para aquela ALCMS inviabilizou a presença de sacoleiros e inibiu a evolução dos negócios como acontece em Manaus.
Sempre que o país atravessa uma crise, principalmente econômica decorrente da crise política, os reflexos são significativos na operacionalidade da área livre de Macapá e Santana. Negócios fechados em Dólares, na aquisição de mercadorias, elevam os preços, afasta o cliente e deixa os comerciantes sujeitos aos riscos de resultados ruins.
Quando existe normalidade na economia nacional, com o poder de compra da população em alta, os negócios têm reflexos imediatos no emprego e na melhoria das instalações das lojas. Hoje o comércio do Amapá segue os padrões das melhores lojas do resto do Brasil.
A crise atual empurrou a moeda americana para patamares que inviabilizam os negócios, mesmo considerando todos os favorecimentos que são oferecidos nos impostos, principalmente de importação e de produtos industrializados. Com a diferença de câmbio entre a moeda nacional e a americana, os preços de aquisição ficam mais caros e o preço de venda, ainda mais, inviabilizando o interesse do cliente, considerando o preço da mercadoria.
Somando a isso a falta de conhecimento dos negociadores e a falta de interesse político na questão, além do fato de ser sempre a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana um ponto de campanhas eleitorais, o efeito foi uma acomodação inexplicável e, até, um desinteresse pelas organizações empresariais – associações comerciais, federações sindicais de grau superior -, levaram a um estágio sem proteção da “galinha dos ovos de ouro” da economia local.
Ninguém está cuidando da área, agora, como foi cuidada nos primeiros 15 anos de seu funcionamento, apesar da evolução do comércio e da luta de alguns que foram até onde puderam, ou se cansaram.

Mas ainda há tempo. Basta entender a importância para todos e descobrir quem tem interesse real na consolidação do regime aduaneiro especial que é propiciado pela ALCMS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário