Rodolfo Juarez
A Lagoa
dos Índios, esse belo exemplar da diversidade amazônica está, mais uma vez, na
alça de mira de um agressor. Diferentemente do que já aconteceu outras vezes,
agora quem aponta é aquele que deveria protegê-la de qualquer ataque.
Com a
desculpa de que precisa construir mais pistas de rolamento na Rodovia Duca
Serra, o Governo prepara-se para aterrar uma área da Lagoa que jamais seria
permitida houvesse qualquer explicação para tanto, pouco importando os
resultados ou a necessidade. O que estaria em primeiro lugar seria a
preservação das condições ambientais que ainda resistem.
Ao
invés de preparar um plano de recuperação da área da Lagoa dos Índios,
livrando-a do aterro que foi colocado há quase cinquenta anos, o Governo do
Estado quer dobras o tamanho da área agredida, pouco se importando com as
consequências e as leis de proteção instituídas pelos homens e as leis da
própria natureza.
A Lagoa
dos Índios tem resistido bravamente às agressões até agora sofridas sob os
olhos daqueles que têm, por obrigação evitar, mas agora ninguém sabe como ela
vai responder aos “golpes mortais” que sofrerá sob o patrocínio daquele que
deveria protegê-la.
É
impressionante como os órgãos ambientais forneceram as licenças, como os órgãos
de controle, tão ativos noutras circunstância, agora sabem de tudo e não agem.
O que
pode estar acontecendo?
Até
quando a falta do conhecimento ambiental vai continuar permitindo a destruição
de um dos patrimônios desenhado e construído pela sabedoria do Pai de todos
nós?
Há
outras formas de atender às necessidades dos condutores de veículos que hoje
usam a Rodovia Duca Serra como alternativa de deslocamento e de acesso às
residências com endereços depois da Lagoa dos Índios.
Não há
razoabilidade alguém apresentar justificativa pelo fato de o governador do
estado morar do lado de lá da Lagoa e procurar eliminar algumas das
dificuldades que vê de dentro da cabine dupla, com ar condicionado, do carro
dirigido pelo motorista oficial.
O
secretário de estado do transporte teria obrigação de informar da agressão
indesejada e o secretário de estado do meio ambiente teria o dever de evitar
que tal situação fosse, sequer, discutida.
Há
outras formas de resolver o problema.
Um
exemplo de outra forma de atender às necessidades alegadas para melhorar o
trânsito na Rodovia Duca Serra seria um presente para os núcleos conurbantes de
Macapá e Santana, uma demonstração de responsabilidade com a natureza e
certamente a criação de mais um exemplar turístico para a região, caso fosse
construída uma ponte pendente sobre a lagoa, mesmo com um ponto de apoio,
diminuindo quase que completamente a agressão ao bem natural retirando a pedra,
o aterro, a areia e o asfalto, e colocando beleza e singularidade para o local.
Tomara
que os agentes públicos responsáveis pela agressão à Lagoa dos Índios tomem
juízo e os órgãos controladores do bem comum e zeladores a integridade do
patrimônio natural, não deixem que isso venha se perpetrar, com a irresponsável
justificativa de melhorar o trânsito no local.
Duplicar
as faixas de trânsito de veículos na Rodovia Duca Serra colocando mais terra na
lagoa dos índios, não é apenas dobrar o risco de matar a Lagoa, é atuar de
forma irresponsável, uma vez que sequer foi feito um estudo de impacto
ambiental em decorrência da obra.
Ainda
há tempo de lembrar o que foi permitido fazer com o principal rio genuinamente
amapaense, o Araguari, onde nem o peixe pode viver. Na Lagoa dos Índios não só
a fauna, mas a flora voltaria a ter vida.
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