domingo, 30 de dezembro de 2012

Eleição da Mesa da Câmara de Macapá

Rodolfo Juarez
Os vereadores têm a oportunidade de retomar a normalidade das eleições para as mesas diretoras dos parlamentos no Estado do Amapá.
Em 2006 foi consolidado no Estado um modelo de eleição, para escolha dos membros das mesas diretoras dos parlamentos estadual e municipais, que contrariava todos os mandamentos que estavam listados nos Regimentos Internos e, também, da proposta de alternância de poder na direção da Assembléia e das Câmara Municipais, fixados para períodos de dois anos, com o objetivo de dar oportunidade para que, em um mesmo mandato de quatro anos, os parlamentares da mesma legislatura se revezassem no comando do respectivo Poder.
Desde a segunda legislatura na Assembléia Legislativa foi aberta a discussão sobre a possibilidade de reeleição da Mesa Diretora e, principalmente, do presidente da Assembléia.
Depois da modificação regimental começaram as tentativas para manutenção do presidente, situação que era conveniente para todos, inclusive para outros órgãos do Estado, como o Governo do Estado, Tribunal de Justiça, Ministério Público e Tribunal de Contas, que alegam a necessidade de adotar o modelo dos parlamentares, pois assim, facilitaria as relações.
Foi assim que no início de 2007 foi o presidente da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa, em uma única tacada, foram realizadas duas eleições para os dois primeiros e os dois últimos anos daquela legislatura.
Uma taca de mestre? Não!
Foi uma agressão ao bom senso e, principalmente, uma agressão à regra democrática, levadas por motivações até agora mal explicadas e que pode ter sido responsável por muito do errado que aconteceu durante os últimos 10 anos na condução da gestão administrativa daquela casa de leis.
Os dirigentes dos outros poderes, principalmente aqueles que não adotavam esse “modelo” também se acharam no direito de repetir o mandato. A partir daí o que era uma exceção passou a ser a regra.
A aplicação imediata aconteceu na Câmara Municipal de Macapá, quando na eleição da Mesa Diretora da Casa no primeiro dia do ano de 2009, foi eleito o mesmo presidente para os dois mandatos seguintes.
Era como se, de repente, por aqui, o candidato ao Governo do Estado, combinasse com os eleitores e fizesse uma eleição valendo por duas. Como a regra não permite isso, os candidatos combinam, “aceitam” a “proposta” e o “candidato”, fazem a eleição valendo por duas, com a revalidação dos votos. Uma espécie de cópia.
Em fevereiro de 2011, quando da eleição da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa, quando o procedimento já estava instalado em “foro íntimo”, os novos parlamentares não concordaram com a proposta e decidiram enfrentar a questão. Foi nesse momento em que a minoria venceu a maioria, depois de um embate no Judiciário.
Daquele embate ficaram as feridas até que foram afastados alguns dos dirigentes da Mesa Diretora da AL, inclusive o presidente, mas ficaram os outros eleitos no mesmo pleito e pelo mesmo processo. A novidade ficou por conta do alcance da medida que listou funcionários daquele poder que agora precisam lutar para sair desse verdadeiro cacuri no qual entraram.
Mas agora os vereadores podem mostrar para o eleitor e para a sociedade em geral, que estão dispostos a mudar o processo que permite a realização de duas eleições em uma, respeitando a regra e a capacidade de avaliação do eleitor.
Os vereadores de Macapá têm essa oportunidade. Existem duas chapas e é importante que haja respeito à vontade da maioria e a eleição não termine no Judiciário.
O atual prefeito tem experiência de oito anos como vereador. Já participou de eleição para presidente da Mesa Diretora da Câmara e, por isso, sabe perfeitamente a hora de entrar e a hora de sair dessa disputa, para não prejudicar o próprio parlamento municipal, do qual vai precisar para determinar a eficácia de sua administração. 

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