domingo, 30 de dezembro de 2012

Os Góes e o plano de poder que deu errado.

Rodolfo Juarez
Depois de uma ascensão espetacular dos democratas e trabalhistas e dos Góes, em todo o Estado do Amapá, na década passada, quando o PDT se transformou no maior partido do Estado e Waldez Góes conseguiu, por duas vezes consecutivas, governar o Amapá, amanhã cai mais uma pilastra que fora erguida naquele período, com o encerramento do mandato do prefeito de Macapá, Roberto Góes.
A sociologia política estuda esses casos com muito cuidado e, na maioria das vezes atribuiu o episódio à busca da sociedade por líderes que, quando não desincumbem bem a missão ou quando não entendem bem o papel, da mesma forma que ascendem, também são retirados do cenário com a mesma rapidez.
O importante é que a comunidade política, em geral, e a comunidade dirigente, em especial, atentem para fatos como esses para que não sejam cometidos os mesmos erros, provavelmente pela pressa que têm em fazer o que acham que tem que fazer ou pelo desconhecimento dos vários aspectos da gestão pública.
O erro não pode ser do eleitor.
Se existe o erro, certamente é daqueles que recebem a missão do eleitor e não a executam segundo as suas aspirações ou mesmo, segundo as propostas que fizeram quando se dispuseram a receber a missão.
De uns tempos para cá os políticos não conseguem identificar o centro do interesse do povo e ficam divagando, claro que procurando acertar, mas não acertam e procuram aliados, que nem sempre estão dispostos a manter o quadro, pois se vêm no lugar daqueles que lhes estão pedindo arrego.
Para confortar os que se aproximam, há um esforço para mantê-los e, para tanto, são elaborados mirabolantes planos, que precisam de prazos maiores do que aqueles que a regra geral impõe e recebem nomes especiais e justificativas nem tão republicanas, como a que se funda na governabilidade ou na possibilidade de ser construída uma linguagem própria para ser falada por partidos e pessoas com interesses diversos.
As condicionantes, então, já não cabem na falada governabilidade e passam a exigir períodos temporais mais longos e a simular projetos, programas e planos que precisam de mais tempo e, nesse momento, nasce o “plano de poder”.
Como o plano de poder é atado com cordas curtas, os nós são impossíveis e basta que uma dessas cordas seja retirada para que todo o projeto faleça e enterre todos os programas.
Era assim o Plano de Poder elaborado nos meados dos anos 2005 que foi testado e deu certo em 2006, com a reeleição de Waldez Góes para governar o Amapá.
Acontece que havia muitas cordas atando o plano e algumas delas imprevisíveis e que começaram a cobrar, no presente de então, o que havia sido planejado para tempos futuros.
Houve clara manifestação de ambição e de inveja, da parte dos aliados, daquele que estava exercendo o começo do Plano de Poder. Todos ficaram impacientes e todos lustravam os seus próprios projetos que tinham previsão por vir.
Os mais impacientes começaram a meter os pés pelas mãos, pois todos conheciam os pontos fortes e os pontos fracos de cada um e entendiam que não podiam esperar a sua vez.
A indecisão do começo de 2010 e a convenção dos partidos em junho daquele ano, foi apenas uma demonstração da impaciência de que estavam acometidos os protagonistas que metiam os pés no lugar das mãos e que acabaram sendo contidos pela deflagração da operação Mãos Limpas.
As consequências foram desastrosas para os que tinham “assinado” o Plano de Poder para 20 anos e continuaram colhendo o amargo fruto da árvore da derrota. A queda de Roberto Góes é um dos últimos diques rompidos do Plano de Poder para 20 anos.
As ciências sócio-políticas poderiam ser o grande instrumento para os atuais mandatários ou planejadores de poder, para, servindo-se do exemplo recente, tente outra forma, pois a sociedade e o eleitor continuam atentos aos procedimentos que não os leva em consideração.

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