sábado, 2 de fevereiro de 2013

Carnaval: a morte da galinha dos ovos de outro

Rodolfo Juarez
O sambódromo amapaense está completando 16 anos neste carnaval.
Construído em tempo recorde para o carnaval de 1997, era considerado a alavanca que faltava para que o carnaval “oficial”, aquele que é realizado pelas escolas de samba, deslanchar seguindo o modelo carioca, devido o sucesso que havia alcançado nas memoráveis disputas realizadas na Avenida FAB.
Sem as linhas de distribuição de energia que limitava a altura dos carros alegóricos na FAB, os carnavalescos das escolas sonhavam com carros muito mais altos e com enredos que seriam lidas com facilidade pela população.
Era contagiante ver os dirigentes das escolas de samba fazendo os seus planos de crescimento e autonomia, inclusive financeira, para realizar um dos principais carnavais do Brasil.
O então governador do Amapá, João Alberto Capiberibe, foi convencido que o investimento era importante e tinha o aval da população. Não mediu esforços e priorizou a construção, depois de mandar elaborar um projeto audacioso e inovador, com seis módulos e uma estrutura de iluminação que ainda não tinha sido experimentado no Estado.
O carnaval que levou o desfile das escolas de samba para a Avenida Ivaldo Veras recebeu apoio de todos, principalmente da população, que aceitou e participou do evento, respondendo a todas as dúvidas que poderia ter o Governo com relação ao investimento.
Amilton Continho e João Henrique, engenheiros, João Capiberibe, governador, podem ser considerados aqueles que foram decisivos, do lado do Estado, para a realização dos serviços de construção da obra; Darcy Carvalho, Eraldo Almeida, Peixinho e Waldir Carrera, também indispensáveis na construção, representando os dirigentes da liga e das escolas de samba.
Naquele momento não havia dúvida que o carnaval decolara para alcançar alturas jamais imaginadas.
Mas os motores daquele “foguete” não conseguiram manter a propulsão por muito tempo. As pessoas, tanto do lado do governo, como do lado do carnaval, foram substituídas e os substitutos não entenderam que havia um projeto para ser executado.
Chegaram a imaginar que o carnaval poderia ser responsável por eleições de: deputados estaduais, vereadores, prefeitos, deputados federais, governadores, entre outros cargos políticos.
Não compreenderam que isso só aconteceria se houvesse continuidade no projeto do carnaval.
Houve um tempo que as disputas, por exemplo, para a direção da Liga das Escolas de Samba foi tão politizada que ficou clara a interferência dos mais importantes partidos políticos de então, na eleição que, por essa razão, acabou indo ser discutida no judiciário.
Nesse momento todos perderam.
A Liga que não conseguiu manter a autoridade necessária perante os seus filiados e acumulou desconfiança da população; e os políticos que conseguiram matar a “galinha dos ovos de ouro”.
Dentre as consequências imediatas houve de tudo nos carnavais seguintes, com os intrusos levando, depois de uma desastrada pintura na pista de desfile, ao cancelamento do carnaval, daquele ano, depois de todos os gastos feitos.
As consequências mediatas estão com a desativação da Liga das Escolas de Samba, por absoluta inadimplência, e a fundação de outra instituição – ama liga independente.
Tudo começa de novo e os que estão trabalhando sabem disso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário