sábado, 25 de maio de 2013

Dias contados

Rodolfo Juarez
Uma questão que passou despercebida para muitos de nós, pode se constituir um marco na história administrativa do Estado. A referência é ao modo de escolho do diretor geral da Embrapa no Amapá para os próximos três anos.
Trata-se de uma escolha fora dos padrões atuais, mas não é só isso, está na outra ponta do diâmetro da circunferência cheia de apadrinhamentos, onde a última observação é feita sobre a competência gerencial do gerente.
Mesmo sendo uma espécie de moda que se consolidou que se destacou há vinte anos, foi nos últimos dez anos que se firmou como coisa de troca entre os mandatários e aqueles que não aceitaram a derrota, no geral para o mandatário vencedor.
Tudo começou quando os dirigentes se sentiram enfraquecidos e com a intenção de defender, a qualquer custo a sua conquista, repartiu o mando e repartiu a administração, entregando parte para este e parte para aquele, parte do poder, desculpando-se com o povo, afirmando que isso propiciava a governabilidade.
Houve necessidade de intensa campanha publicitária para que o povo acreditasse que se tratava mesmo de medida necessária para que houvesse o controle das questões de interesse coletivo, mesmo desconfiando que se tratasse de uma artimanha que possibilitaria as mordomias e os desvios de conduta, feitos por todos e não declarados por aqueles que teriam que fiscalizar e evitar os desperdícios.
O processo, com o passar do tempo, foi apodrecendo e as mandatários, cada vez mais perdendo a força, pois, em muitos casos restou-lhes uma parcela tão pequena do poder, que o colocava na condição de mandato. Nesse momento desapareceu o que verdadeiramente manda, com uma característica – não tinha qualquer escrúpulo, nem com o poder e muito menos com a população.
A contaminação da administração pública foi inevitável e os que agiam certo passaram a serem os errados e vice-versa. A questão é que isso não é percebido no geral, pois os instrumentos midiáticos estão a serviço não de uma lado, mais de duas facções do mesmo lado, ambas com objetivo único – trocar de posição com o outro, ou manter-se onde está.
Os mais preparados, entretanto, continuaram observando o cenário e procurando uma forma de intervir para que a administração pública volte à sua função sem precisar da ilusão propiciada pelas propagandas enganosas e pelas propostas impossíveis.
As administrações privadas, dependentes do processo, buscavam insistentemente uma forma de imunizar-se contra o modelo instalado. Tinham que encontrar uma fórmula para provar que a propina e a corrupção não seriam os meios únicos para sobreviver nesse cenário que se aproximava de uma inocente comédia, mas que não fazia ninguém rir, ao contrário, entristecia aqueles que compreendiam o que estava acontecendo.
Alguns setores da sociedade, na busca de meios que possibilitasse a defesa das omissões das gestões públicas, começaram a construir anteparos, verdadeiras barreiras, mas que viram se tornar ineficiente, o que antes era uma verdadeira cortina de ferro, inexpugnável e respeitada.
Os primeiros concursos para seleção de profissionais para cargo de confiança – ainda nas empresas - deram tão certo que se tornou referência, ganhou nome e se tornou a solução simples para as empresas que se tornaram vencedoras, depois de implantar o plano vencedor apresentado pelo candidato.
Depois da Embrapa Amapá, que está fazendo história por aqui, sendo a empresa pública que utilizou, pela primeira vez, a seleção para o principal cargo de confiança, pela competência, a proposta já ganha força para a próxima diretoria da Companhia de Eletricidade do Amapá – CEA, depois da federalização.

Quanto a dar certo, ninguém tem qualquer dúvida, mas precisa ser exemplar, para convencer os candidatos ao poder, qualquer um, de que o método da amizade, do puxa-saquismo está com os dias contados como método de acesso aos cargos de confiança.

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