Rodolfo
Juarez
Uma questão que
passou despercebida para muitos de nós, pode se constituir um marco na história
administrativa do Estado. A referência é ao modo de escolho do diretor geral da
Embrapa no Amapá para os próximos três anos.
Trata-se de uma
escolha fora dos padrões atuais, mas não é só isso, está na outra ponta do
diâmetro da circunferência cheia de apadrinhamentos, onde a última observação é
feita sobre a competência gerencial do gerente.
Mesmo sendo uma espécie
de moda que se consolidou que se destacou há vinte anos, foi nos últimos dez
anos que se firmou como coisa de troca entre os mandatários e aqueles que não
aceitaram a derrota, no geral para o mandatário vencedor.
Tudo começou
quando os dirigentes se sentiram enfraquecidos e com a intenção de defender, a
qualquer custo a sua conquista, repartiu o mando e repartiu a administração,
entregando parte para este e parte para aquele, parte do poder, desculpando-se
com o povo, afirmando que isso propiciava a governabilidade.
Houve
necessidade de intensa campanha publicitária para que o povo acreditasse que se
tratava mesmo de medida necessária para que houvesse o controle das questões de
interesse coletivo, mesmo desconfiando que se tratasse de uma artimanha que
possibilitaria as mordomias e os desvios de conduta, feitos por todos e não
declarados por aqueles que teriam que fiscalizar e evitar os desperdícios.
O processo, com
o passar do tempo, foi apodrecendo e as mandatários, cada vez mais perdendo a
força, pois, em muitos casos restou-lhes uma parcela tão pequena do poder, que
o colocava na condição de mandato. Nesse momento desapareceu o que
verdadeiramente manda, com uma característica – não tinha qualquer escrúpulo,
nem com o poder e muito menos com a população.
A contaminação
da administração pública foi inevitável e os que agiam certo passaram a serem
os errados e vice-versa. A questão é que isso não é percebido no geral, pois os
instrumentos midiáticos estão a serviço não de uma lado, mais de duas facções
do mesmo lado, ambas com objetivo único – trocar de posição com o outro, ou
manter-se onde está.
Os mais
preparados, entretanto, continuaram observando o cenário e procurando uma forma
de intervir para que a administração pública volte à sua função sem precisar da
ilusão propiciada pelas propagandas enganosas e pelas propostas impossíveis.
As
administrações privadas, dependentes do processo, buscavam insistentemente uma
forma de imunizar-se contra o modelo instalado. Tinham que encontrar uma
fórmula para provar que a propina e a corrupção não seriam os meios únicos para
sobreviver nesse cenário que se aproximava de uma inocente comédia, mas que não
fazia ninguém rir, ao contrário, entristecia aqueles que compreendiam o que
estava acontecendo.
Alguns setores
da sociedade, na busca de meios que possibilitasse a defesa das omissões das
gestões públicas, começaram a construir anteparos, verdadeiras barreiras, mas
que viram se tornar ineficiente, o que antes era uma verdadeira cortina de
ferro, inexpugnável e respeitada.
Os primeiros
concursos para seleção de profissionais para cargo de confiança – ainda nas
empresas - deram tão certo que se tornou referência, ganhou nome e se tornou a
solução simples para as empresas que se tornaram vencedoras, depois de implantar
o plano vencedor apresentado pelo candidato.
Depois da
Embrapa Amapá, que está fazendo história por aqui, sendo a empresa pública que
utilizou, pela primeira vez, a seleção para o principal cargo de confiança,
pela competência, a proposta já ganha força para a próxima diretoria da
Companhia de Eletricidade do Amapá – CEA, depois da federalização.
Quanto a dar
certo, ninguém tem qualquer dúvida, mas precisa ser exemplar, para convencer os
candidatos ao poder, qualquer um, de que o método da amizade, do puxa-saquismo
está com os dias contados como método de acesso aos cargos de confiança.
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