quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O marqueteiro

Rodolfo Juarez
As propagandas das ações públicas estão soltas e animadas pelos agentes públicos que estão no poder e contradita por aqueles que se colocam na oposição àqueles que estão no poder.
Desde quando os marqueteiros convenceram os agentes públicos, de todas as esferas, que a propaganda era boa para a imagem dos administradores e do próprio governo, que nenhum, em qualquer esfera, dispensa a oportunidade para divulgar o que está fazendo.
Gordas parcelas do orçamento são destinadas à essa finalidade e com as mais diversas destinações, todas tendo que obedecer ao um rígido acompanhamento dos órgãos fiscalizadores que, entretanto, são vencidos pelos argumentos utilizados pelos executores dos diversos programas administrativos da gestão de cada órgão.
O mais contido e que se resume às informações de suas ações mais específicas, não destacando as atividades, é o Judiciário.
Mantém uma unidade administrativa com profissionais de comunicação que tem a atribuição de tornar aquele poder conhecido, divulgando as suas ações e procurando destacar a sua importância na conjuntura estadual.
O Legislativo parece ser o mais exagerado, pois, até agora, ainda não encontrou a melhor forma de divulgar a sua finalidade, seja por que ainda não descobriu o caminho ou porque tem dificuldades para identificar o que faz e que pode ser mostrado como de interesse da população.
Então atuam na divulgação com a justificativa de que é lá que estão os representantes da população e a população precisa saber o que o deputado está fazendo. Procuram seguir o roteiro da Câmara Federal, que, entretanto, com sua proposta nacional, utiliza a notícia como principal elemento de divulgação.
O Ministério Público, embora muito mais contido do que a Assembleia, às vezes se apresenta com exageros quando tem que divulgar ações ou posições, principalmente quando elas são de interesse geral ou quando é refere-se a confronto de ideias com outro poder.
O Tribunal de Contas, depois de um período de exageros, por força das circunstâncias e pela busca de novas propostas administrativas, tem sido contido na divulgação de seus atos, às vezes até demais, deixando as informações apenas no estrito cumprimento da regra, utilizando o disponível no portal da transparência na internet.
O que mais utiliza os meios de comunicação de massa para divulgar as ações que realiza ou que planeja realizar é o Executivo.
Alguns exageros, não na quantidade, mas na concepção, que poderia ser mais objetivo e sem ter que ferir as regras que delimitam a faixa de ação de cada uma dessas manifestações públicas.
É importante que o povo saiba, mas é importante também, que os executivos entendam que os compromissos assumidos em uma propaganda, caso não sejam do interesse da população ou estejam defasados daqueles interesses, podem funcionar em sentido contrário do que objetiva a divulgação.
Algumas peças publicitárias, entretanto, além de ser de mau gosto, se constituem em uma armadilha, onde o autor, seguramente, não teve a oportunidade de medir os resultados, tanto que não retroalimenta a divulgação ou a campanha.
E tem mais, algumas daquelas divulgações podem ser especialmente congeladas para, no momento oportuno ser utilizada para desfazer discursos atuais.
Um bom marqueteiro precisa ser um bom analista de cenário, observador de comportamento, para nesse ambiente inserir as suas mensagens para alcançar os resultados que deseja que sejam colhidos por aqueles para os quais trabalha.

Agora, se existe uma pessoa que sabe tudo e não deixa qualquer margem para as opiniões é, exatamente, o marqueteiro, seja de uma campanha, seja de uma administração. Muito embora ele pouco se importe com o resultado da campanha ou da administração.

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