Rodolfo Juarez
Os fortes ventos, o tipo de construção,
o tempo quente, a falta de chuva, as dificuldades de acesso, os equipamentos e
instrumentos inadequados ou a falta deles, a esperança de que isso “nuca vai
acontecer”, acabam sendo os elementos que formam a grande coivara em que se
tornam alguns aglomerados urbanos em Macapá.
Os incêndios, durante esse tempo seco, é
o desafio que precisa ser enfrentado pelo município, na linha de frente, e pelo
estado, na imediata retaguarda.
O histórico dessas ocorrências indica
isso como uma dura realidade local que necessita ser enfrentada por uma equipe
treinada, equipada e que tenha a confiança, a colaboração e a participação da
população.
Mais uma vez a frente da cidade tem suas
edificações destruídas, mais uma vez o bairro do Igarapé das Mulheres enfrenta
o fogo e vê os resultados da luta de muitos de seus moradores, conquistas de
muitos anos, serem consumidos em poucas horas ou alguns minutos.
Isso precisa ser evitado! Esses
acontecimentos não podem continuar fazendo parte da preocupação da população. É
preciso que seja dado mais atenção para essa história e não dar oportunidade
para que o fato seja mais forte que a prevenção de que deva contar a cidade para
combatê-lo.
Quem conhece o bairro do Igarapé das
Mulheres sabe que o risco desse tipo de ocorrência como o de quarta-feira, dia
23 de outubro, é alto e também que as dificuldades de acesso de veículos de
socorro, como os que dispõem as organizações que podem ser acionadas pela
Defesa Civil, são muito grandes e, em alguns pontos, com acesso impossível de
ser feito.
Reconhecido essa situação caberia,
também, aos representantes que o povo elege para a Assembleia, para a Câmara e
o Senado Federal, agirem no sentido de dotar as equipes executivas, treinadas
para os momentos de emergência, como o corpo de bombeiros, de todas as
condições e equipamentos para, com eficiência e cooperação popular, diminuir os
riscos e aumentar a capacidade de reação contra os incidentes.
O que se pode perceber durante o combate
ao fogo, na quarta-feira, foi a reclamação de muitos “soldados do fogo” que não
tinham as máscaras para enfrentar a fumaça, capacete para garantir-lhes a
segurança, as luvas para evitar as queimaduras e veículos que tivesse
capacidade para lançar os jatos d’água no foco do incêndio.
Cenas de heroísmos dos bombeiros que
participavam do combate ao fogo foram constantes. Solidariedade, além da função
profissional, sempre estive presente em cada palavra dos soldados vermelhos,
mas também os soldados tinham, no coração, o sentimento de revolta por não
poder fazer mais, pois lhes faltavam os equipamentos básicos para agir com mais
profissionalismo, eficiência e confiança.
Não é momento para avaliação de
desempenho, seja de quem for, mas é momento para avaliar a preparação do
pessoal e a disponibilidade de equipamentos necessários para que a ação se
torne eficaz e não apenas de rescaldo.
O incêndio de quarta-feira está
debelado, mas o risco de outros não, permanece como antes. É hora de prevenir,
se acautelar, não acreditar no acaso e empenhar-se para que, a ação melhore a
eficiência e recupere a confiança popular.
Uma campanha pelo rádio, pela televisão
e pelo jornal impresso deve ganhar prioridade, nesse momento, pois o tempo
quente ainda não terminou e os cuidados precisam ser redobrados para que outras
tragédias não se somem a essas que abatem o ânimo da população e colocam em
xeque o trabalho dos administradores.
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